Devido a uma maior procura por parte do mercado, o preço das matérias-primas está a aumentar, e irão afectar o sector da moda, levando as marcas retalhistas a aumentar os preços para os consumidores. Segundo avançou o Sourcing Journal, de acordo com a Cotton Incorporated, desde o início de Março que os contratos estabelecidos para Julho do New York ICE aumentaram para mais de 0,90 dólares/libra (cerca de 1,64 euros por quilo), sendo que antes estavam nos 0,78 dólares/libra. Mais recentemente essas negociações foram estabelecidas em 0,88 dólares/libra, o que mesmo assim representa um crescimento face ao valor inicial. No ano passado, pela mesma altura, o valor era de 0,50 dólares/libra.

No entanto, o relatório da Cotton Inc também revela que apesar de os níveis dos stocks e os rácios de utilização deverem baixar na próxima colheita, as primeiras previsões do Departamento de Agricultura dos EUA sugerem que a oferta irá continuar elevada, e que “mesmo com a grande oferta na actual colheita, os preços têm subido consistentemente”.

“A divergência entre a oferta e a procura e os preços tornam um desafio fazer previsões com base nos fundamentos do mercado. Um factor que parece correlacionado com o movimento de preços é a evolução da relação comercial entre os EUA e a China”, pode ainda ler-se no documento.

Mesmo ao nível dos sintéticos os preços têm aumentado, com destaque para o da viscose, uma fibra artificial de celulose fabricada a partir de cavacos de madeira de árvores pouco resinosas ou de línter da semente do algodão. Entre as razões para este aumento está uma forte procura por parte da China, e os preços para a viscose tradicional continuaram o seu dinamismo positivo desde o final de 2020, aumentando 33,8% desde o início do ano.

“Num ambiente de crescente procura, este aumento é atribuível a uma escassez no mercado, que foi causada, entre outras coisas, por baixos níveis de inventário e baixa produção local na China, e, em determinadas alturas, por baixas importações devido a estrangulamentos na logística mundial”, comenta a empresa Lenzing ao Sourcing Journal.

Ao nível do poliéster, o gabinete de estatística dos EUA revelou no Producer Price Index que os preços das fibras sintéticas aumentaram em 6,1% em Abril, em relação a Março, e em 9,1% em relação ao ano anterior.

Segundo os dados norte-americanos, o retalho também já se encontra a sofrer os impactos deste aumento, e o CEO da marca Wolverine, Blake Kreuger, conta que na segunda metade de 2021 deverão ser mais selectivos nos preços de determinados produtos, devido a estes incrementos registados na cadeia de abastecimento e logística, referindo também os preços da borracha, algodão, couro, entre outros.

“Se for necessário, vamos fazer alguns aumentos selectivos de preços, achamos sinceramente que o consumidor está actualmente à espera disso”, avança, “não houve muita resistência aos aumentos dos preços da indústria que foram passados quando os vinculámos directamente às tarifas dos últimos 18 meses a dois anos. Por isso, pensamos que o consumidor está preparado para esperar subidas de preços de alguns produtos”.