Estou perfeitamente convencido que o futuro da Supply Chain na Europa será a alteração do “Made in”, de “Made in Asia” para “Made in Africa”.

Porquê o “Made in Africa”? África é maior do que a junção da Europa com os EUA e a China; a idade média de um Europeu estará na ordem dos 50 anos, e a idade média da população Africana é de 19 anos, um hiato com tendência a aumentar. Estamos a falar de uma geração africana com mais formação do que a geração antecessora, mais jovem e representa um capital humano, com novas ideias e conhecedor do terreno. Este conhecimento deverá ser aproveitado pelas empresas europeias para desenvolvimento dos seus projetos, passando, numa primeira fase, pelo desenvolvimento das comunidades.

Do ponto de vista competitivo, as empresas europeias não conseguem lutar contra as empresas asiáticas, no mesmo campo e com as mesmas ferramentas, pois estas são o primeiro parceiro comercial em muitos países africanos. Dessa forma, as europeias já perderam uma competição que ainda nem começou. Seguindo a mesma perspetiva, as empresas europeias precisam de identificar duas das maiores fragilidades das empresas asiáticas:

  • A primeira é o facto das empresas com cultura oriental não permitirem, por tradição, o envolvimento dos Recursos Humanos locais na gestão de topo nem nas cadeias comando/decisão.

 

  • A segunda é a língua. Temos países africanos que falam p.e. Francês, Inglês e Português. Esta é definitivamente uma vantagem que as empresas asiáticas não têm.

Penso que as empresas europeias têm um papel fulcral no desenvolvimento da sua Supply Chain, identificando um país, uma região e uma comunidade, com o propósito de trazer a sua Supply Chain para um patamar de entendimento e proximidade que não existe hoje.

Será importante percebermos que o desenvolvimento de uma Supply Chain estratégica para a Europa terá de passar por África, pois desta forma as empresas europeias estarão representadas em África, estarão a desenvolver o país onde estão inseridas, estarão a acrescentar valor às comunidades e não nos esqueçamos da importância estratégica do acordo AfCFTA, que permitirá comércio livre de produtos “Made in Africa” entre mais de 50 países africanos, reduzindo desta forma a burocracia e procedimentos alfandegários.

As empresas europeias têm de se desenvolver e fazerem-se representar nos países africanos que falem a mesma língua, fazendo assim da língua a ponte que liga as duas realidades.

Henrique Germano Cardador, Analista de Estratégia Empresarial