Automóveis, máquinas e aparelhos mecânicos, ferro, plásticos, aparelhos de óptica, vestuário e restos de materiais têxteis (como trapos) salvaram as nossas exportações no primeiro trimestre de 2021, segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Espanha e França estão entre os mercados preferenciais no período em análise, enquanto o Reino Unido está em queda, como reflexo do Brexit.

No total, as exportações subiram 6,2% nos três primeiros meses, face a igual período de 2020. As vendas acumuladas de mercadorias ao exterior estavam a cair de forma consecutiva há 12 meses e agora, finalmente, interromperam essa tendência negativa. Em termos absolutos, Portugal conseguiu exportar mais 907 milhões de euros de Janeiro a Março. O segmento dos veículos de transporte liderou e disparou mais de 8% em termos homólogos; o contributo para as exportações totais foi de 176 milhões de euros entre o primeiro trimestre de 2020 e igual período deste ano.

O INE mostra que o mês de Março de 2021 também foi bastante melhor do que o esperado, tendo inclusive superado os valores registados na mesma altura de 2019, ou seja, um ano antes de ser declarada a pandemia.

Em termos de mercados de destino, Espanha continua a ser o maior parceiro económico de Portugal e reforçou as compras à economia nacional em quase 9%, uma subida de 327 milhões de euros. O mercado francês expandiu-se em quase 11%, o que significa mais 208 milhões de euros para os exportadores nacionais.

Em sentido contrário aparece o Reino Unido, mercado que determinou uma quebra de quase 3% nas exportações portuguesas no período em análise. Também a Irlanda comprou menos 22% de produtos portugueses. Consequências do Brexit e do aumento de barreiras comerciais, na sequência da saída do país da União Europeia.

Fora da Europa, Angola, mercado que ainda absorve quase 5% das exportações portuguesas, diminuiu mais de 12% no primeiro trimestre, o que equivale a menos 27 milhões de euros em vendas nacionais.

O mês de março marca a diferença e pode ser um ponto de viragem, depois de quase um ano de declínio nas exportações. Segundo o INE, “em Março de 2021, as exportações e as importações de bens registaram variações homólogas nominais de 28,8% e 12,2%, respectivamente (2,6% e -10,4%, pela mesma ordem, em Fevereiro de 2021)”. Aqui, a mesma fonte destaca “os acréscimos nas exportações de material de transporte (61%) e nas importações de fornecimentos industriais (15,1%) e de máquinas e outros bens de capital (27,3%)”.

“Estas variações homólogas, em Março, incidem sobre o primeiro mês de 2020 em que o impacto da pandemia covid-19 já foi sentido significativamente”, o que terá tido reflexos nas taxas de crescimento. Ainda assim, “tomando Março de 2019 como referência, as exportações aumentaram 12,2% e as importações atingiram praticamente o nível então observado, crescendo 0,1%. No entanto, aquele mês teve menos 3 dias úteis que Março de 2021”, esclarece o INE.

Excluindo os combustíveis e lubrificantes, por ser uma componente das exportações que flutua muito, não só por causa da procura, mas também devido às oscilações dos preços do petróleo nos mercados internacionais, as vendas ao exterior mantêm uma dinâmica positiva. “Em Março de 2021 registou-se um aumento de 27,9% nas exportações e de 15% nas importações, em termos homólogos (respectivamente 2,1% e -9,8%, em Fevereiro de 2021). E, face a março de 2019, também há ganhos. “Os acréscimos foram de 11% nas exportações e 1,6% nas importações”, indica o instituto.

Mais uma vez, a ajuda vem do país vizinho. “Em Março de 2021, face ao mês homólogo de 2020, nas exportações por grandes categorias económicas, salientam-se os acréscimos de material de transporte (subida de 61%; 4,1% face ao mês homólogo de 2019) e de fornecimentos industriais (18,3%, principalmente para Espanha; 10,4% em relação a Março de 2019)”.