A crise pandémica e o recente incidente no Canal do Suez mostraram-nos o quão frágeis podem ser as cadeias de abastecimento, para resolver os problemas de abastecimento de componentes e matérias primas, será necessário um back to the drawing board, por forma a que os investimentos nas cadeias de abastecimento possam ser protegidos.

Sabemos que, de entre muitos, dois dos objetivos de qualquer empresa é o crescimento e a maximização dos resultados, contudo, também sabemos que grande parte destes estão assentes na crescente dependência do “Made in Asia”.

Proponho que se faça um exercício que requer que coloquemos uma amalgama de conceitos numa discussão saudável sobre esta matéria, estou a falar de conceitos como: “Desglobalizar em prol de Continentalizar”, “Expansão Horizontal e Vertical”, “Analise ABC 80/20” e para olharmos de uma forma diferente para o problema vamos colocá-los numa misturadora e ….  vamos chamar-lhe “Logística Vertical”.

A Logística Vertical terá como objetivo a aproximação de todo o processo de produção, a redução da dependência de alguns fornecedores, o aumento da qualidade do produto, um maior controlo da produção, a redução dos desperdícios e a redução do tempo de resposta a necessidades extra. Para isso será necessário realizar investimentos criteriosos de forma a aumentarmos a competitividade das empresas.

O princípio da Logística Vertical poderá estar assente na correta identificação de todos os componentes e matéria prima necessários para a atividade em questão, assim, poderei identificar quais são os componentes e matéria prima mais importantes, para que possa redesenhar a cadeia de abastecimento adequada em 80% componentes, privilegiando uma cadeia de abastecimentos na placa continental certa, desta forma estarei a privilegiar a proximidade continental, por outro lado, 20% dos componentes, menos importantes, e matéria prima necessária para a minha atividade, poderá ser proveniente de outras placas continentais, tirando partido de processos e matérias primas mais económicas.

A Logística Vertical, não está livre de defeitos, mas o importante é perceber se os potenciais defeitos compensam as virtudes. Na verdade, qual será o custo-benefício de uma mudança deste tipo? Naturalmente, o maior dos defeitos de uma alteração para uma Logística Vertical está relacionado com o aumento dos custos.

Este conceito coloca, certamente, mais perguntas do que respostas, mas as indústrias, os operadores logísticos e os restantes players, dadas as inovações e os constantes processos de mudança, têm de começar a trabalhar o futuro, porque existirá uma logística a.COVID. e outra d.COVID. .

Henrique Germano Cardador, Analista de Estratégia Empresarial