Até então, todos nós não valorizávamos o processo logístico, isto é, os bastidores da cadeia de abastecimento e sendo estes cruciais em toda a transação de bens e serviços. Assim sendo, tornávamos tudo isto como um dado adquirido, uma vez que as operações estavam essencialmente à distância de um clique ou até de um simples telefonema. 

No entanto, e após o surgimento de um vírus invisível, mas constrangedor a todos os níveis das nossas necessidades, foi possível questionar a importância de todos os envolvidos e de que  forma seria possível continuar a abastecermo-nos desde as necessidades básicas do dia-a-dia até às necessidades em contexto industrial. 

Como todos nós tão bem sabemos, a logística consiste no processo estratégico de planeamento,  implementação e controlo dos fluxos de materiais/produtos, serviços e informação relacionada, desde o ponto de origem ao ponto de consumo. A certa altura da minha carreira profissional, alguém com créditos firmados na área definiu-me a logística como sendo apenas rodas e caixas. Analisando de forma abstrata, até que faz algum sentido, visto que está estritamente associado ao embalamento e transporte. 

A cadeia de abastecimento inicia-se na indústria, transfere-se para o grossista, passando pelo retalhista e terminando no cliente final. Os intervenientes encontram-se a montante ou a jusante, tendo em conta o seu posicionamento e efetuam uma posição de inbound (contactando os seus fornecedores) e posteriormente outbound (servindo os seus clientes). 

Atualmente, a informação e o tempo não são apenas uma vantagem competitiva. As organizações devem dotar-se de informação em tempo real e, deste modo, conseguir prever o  que vai acontecer. Por conseguinte, tornar-se-ão mais proativas e não reativas. 

Na minha opinião, a chave para o “desbloqueio” centra-se nas atividades estratégicas de supply chain e procurement. De forma a ser possível atingir os objetivos propostos, é fundamental que os profissionais da cadeia de abastecimento estejam próximos e em sintonia com todos os stakeholders. Em conjunto conseguem atingir resultados win-win. 

Agora é o tempo certo, na quantidade certa, e na qualidade certa para que a gestão de topo das diversas organizações deem maior relevância aos profissionais de supply chain e procurement e  colocá-los como setores principais e estratégicos. Acredito que todos estes profissionais consigam mostrar o valor que dispõem para as tarefas inerentes e possibilitar a continuidade do negócio nas “suas” organizações. 

Em suma, os profissionais da cadeia de abastecimento têm necessariamente de estar na linha da frente, ao invés do que tem sido hábito. Todo o processo da cadeia de abastecimento deve de ser valorizado, pois grande parte dos resultados obtidos nas organizações está dependente deste setor de atividade. 

Fábio MagalhãesGestão de compras/logística | Sistecaut – Sistemas Técnicos de Automação, Lda.