A OCDE divulgou um relatório que levanta questões acerca da crescente complexidade e digitalização das cadeias de distribuição à luz da pandemia. Os países mais ricos temem que a IoT os deixe vulneráveis a ataques cibernéticos.
Uma das conclusões do relatório é de que os rápidos avanços nas tecnologias digitais têm permitido o desenvolvimento de cadeias de abastecimento complexas, mas que estão também a “acrescentar uma camada extra de vulnerabilidade a outras fontes de disrupção através de ciber-ataques”.
Um dos pontos referidos no relatório é a importância da IoT que resultará na “incorporação de mais chips e sensores no design de componentes e peças de bens manufaturados para que recolham dados e transfiram todo o tipo de informações para análises de big data”. Consequentemente, o fornecimento destes componentes através das cadeias de abastecimento, assim como as especificações adoptadas, irão desempenhar um papel importante na protecção da integridade e segurança dos bens de consumo, para a utilização de empresas ou consumidores, contra ameaças digitais e na salvaguarda das informações privadas e recolhidas, como explica o relatório.
A crescente procura por equipamentos de protecção individual fez tremer os sistemas de produção e a distribuição global, obrigando-os a expandir face ao aumento da procura, o que foi acrescentado “à lista de desenvolvimentos crónicos que conduziram à proliferação de medidas proteccionistas e, mais fundamentalmente, uma maior reavaliação dos benefícios da globalização e do risco de retirada”.
O crescimento das cadeias de abastecimento junta-se assim a uma lista da OCDE que inclui “as repercussões políticas que surgem das desigualdades socio-económicas e regionais crescentes dentro das economias avançadas, bem como as distorções ao campo internacional introduzidas pela integração nos sistemas de transacção mundiais de países de larga propriedade pública e influência nos sistemas de produção sob um conjunto de regras diferentes”.
A própria oferta global, que está ligada à cadeia de abastecimento, foi um dos pontos que a OCDE considerou como “uma fonte de riscos adicionais”, sobretudo no acesso a bens essenciais que podem ser afectados por choques no mercado interno.
Enquanto os governos têm um arsenal de soluções no contexto da gestão interna através da legislação e capacidade de investimento, “uma mensagem consistente é a de que as cadeias de abastecimento requerem cooperação” entre o sector público e privado e entre os vários países. “A cooperação constrói e requer confiança, e a transparência é um primeiro passo crítico para contruir tanto cooperação como confiança”, segundo o relatório.