O mundo mudou e repensar posicionamentos em mercados e a logística é o mote.

A crise pandémica veio colocar a nu a vulnerabilidade do mundo globalizado.

A excessiva dependência de mercados longínquos como a China e Índia, a primeira comummente denominada como fábrica do mundo, face a uma Europa, até então pouco propensa a fomentar a sua autossustentabilidade, conduziu, neste cenário, à disrupção das cadeias de abastecimento. Esta realidade deverá servir de motor à transferência das produções para locais próximos aos de consumo.

Portugal, durante décadas, pouco protetor da sua indústria e empresários, deve agora ponderar perfis de consumos, políticas comerciais e valorizar a indústria nacional.

A quase absoluta impossibilidade de embarque nesses mercados, quer por falta de espaço nos navios, a grave escassez de contentores e fretes insensatamente elevados, com prémios de embarque escandalosos, que muitos produtos e empresas não comportam, inviabilizam, assim, negócios, numa época particularmente difícil, situação agravada nos tempos precedentes ao Ano Novo Chinês, que esperemos tenda a normalizar.

As importações travadas, quer as direcionadas ao consumo, quer no campo das matérias-primas, onde a dependência desses mercados é quase total, agrava também os obstáculos às exportações.

Urge, ainda, reflexão sobre o modo como os principais players do shipping mundial usurpam atualmente o papel do Transitário no circuito logístico. O Transitário, tradicionalmente conhecido como o arquiteto dos transportes, foi sempre o intermediário por excelência entre os vários intervenientes da cadeia logística, associado ao conceito door to door, libertando o cliente das contrariedades da contratação direta dos vários operadores.

Esses armadores, seja pelas plataformas online, pela procura clara do cliente direto e oferta de House B/L’s, arredam do circuito, assim, tacitamente, o Transitário, desde sempre seu parceiro privilegiado. Numa época em que harmonia de sinergias dos vários players seria fundamental, assiste-se ao inverso.

No entanto, é inquestionável a superior capacidade do Transitário em captar clientes pelo seu serviço personalizado e focado nas reais necessidades do cliente, podendo oferecer uma série de soluções, avaliando as melhores opções de mercado.

Anabela Guerreiro, branch director | Unicordas