A Administração Regional de Saúde (ARS) Norte foi obrigada a retirar milhares de máscaras de protecção individual, no valor de 410 mil euros, de cerca de 375 unidades de saúde, devido a estes não garantirem a qualidade que referiam, avança o jornal Público, que investigou a situação ocorrida. A ordem de remoção destes equipamentos de protecção foi dada na semana passada, após o Infarmed ter confirmado que as EPI não tinham a certificação necessária e sim uma inferior, pelo que não poderiam ser utilizadas pelos profissionais de saúde.

Os equipamentos, identificados como sendo semi-máscaras de protecção respiratória (FFP2), foram distribuídas em embalagens individuais que as classificavam como tais, e onde se lia “Medical Protective Mask – ZHUSHI”, bem como alguns caracteres chineses, a indicação das normas técnicas que a máscara alegadamente respeita, e o nome do fabricante. No entanto, as indicações presentes na embalagem não são as que respeitam as normas estipuladas para as FFP2, que garantem o maior nível de protecção utilizadas pelos profissionais de saúde, e tratando-se, portanto, de máscaras cirúrgicas, com um nível de filtração inferior, e que não impede a passagem das partículas mais pequenas.

“Do ponto de visto técnico-regulamentar, é nosso parecer que se trata de um produto não conforme relativamente ao qual não existe qualquer evidência formal de conformidade que assegure a sua segurança e desempenho”, aponta o Infarmed num e-mail endereçado à entidade no início do mês, recomendando que as máscaras não fossem utilizadas pela entidade e pedindo a identidade do fornecedor. Trata-se de um vendedor que habitualmente comercializa materiais de construção e mobiliário, e que assinou três contratos com a ARS com um valor superior a um milhão de euros.

Apenas uma semana após a comunicação é que 20 dos 21 agrupamentos de Saúde do Norte recebeu a ordem de suspensão do uso das máscaras e sua devolução ao armazém.