O segundo dia da Procurement Digital Conference foi dedicado ao tema “Tempos Imprevisíveis, Tecnologia Vital”. Em cada sessão, os oradores adaptaram-se a este mote e contaram as suas experiências ligadas aos desafios que os departamentos de compras enfrentam actualmente.

Pedro Faria Miranda, director de compras da CSantos VP/Gamobar, foi quem inaugurou a conferência, trazendo o tema “Pressão para a Transformação Digital das Compras”.

Começou por referir que está a decorrer a implementação de uma nova plataforma na sua empresa, que designou como “a digitalização do processo de compras”, iniciada em Janeiro de 2020. Mas, no entanto, foi em 2017/2018 que surgiu a preocupação e o esforço de centralizar o processo de compras. Apesar de o processo ter demorado mais do que o esperado, também devido à pandemia, já efectuaram compras reais. O director de compras refere que o projecto tem dois componentes principais: digitalizar e transformar para uma vertente mais moderna a necessidade de compra – esta é a parte que depende do dia-a-dia operacional de um departamento de compras -; a segunda está relacionada com as integrações na contabilidade que vão melhorar a qualidade e rapidez da informação, a nível dos resultados da empresa.

Posteriormente, e de forma a elaborar o seu argumento, indicou as pressões que tem vindo a sentir, nomeadamente a de digitalizar o processo de compras, a dificuldade de facturar e, consequentemente, reduzir a despesa e a distância dos colaboradores e dos fornecedores imposta pela pandemia de COVID-19. A estas junta-se uma que já existe há mais tempo: comprar cada vez melhor, algo que Pedro Faria Miranda considera subjectivo.

De forma a contrariar estas pressões, aconselha a tentar retardar um pouco a decisão “porque as complicações dos nossos departamentos de compras não se devem à falta de ferramentas digitais, mas sim porque, muitas vezes, não existe uma política de compras ou procedimentos previamente criados. Em alguns casos existem procedimentos e políticas, mas não são cumpridos. Tudo isto não é resolvido por termos uma ferramenta digital”, salienta.

Assim, assume que para melhorar o departamento de compras e alcançar melhores resultados, é necessário resolver questões que se encontram antes da digitalização: “devemos atrasar esta urgência que se tem sentido, conhecer mais e melhor as nossas limitações e das nossas empresas”.

Voltando agora ao projecto que Pedro Faria Miranda referia no início, quando se encontrava a aguardar pela aprovação do mesmo, estava a tentar pressionar ao máximo de forma a avançar. Actualmente confessa que este “atraso” foi positivo, no sentido em que foi possível pensar em mais detalhes, conhecer melhor os problemas de cada uma das unidades para agora ter uma solução mais proactiva e em consonância com as necessidades.

No final terminou com uma reflexão: “somos o único departamento de uma empresa em tudo o que nós pouparmos, 100% desse valor está reflectido na melhoria do resultado líquido da empresa”. Acredita que se deve reforçar o papel do departamento de compras dentro de uma organização, “é um desafio antigo, mas só depende de nós”.

Planear, planear, planear. sim, sem dúvida. Mas também acelerar, acelerar, acelerar, desde que se saiba para onde se quer ir. A experiência de Pedro Faria Miranda leva-o a dizer que vale a pena arriscar.