Numa actividade transversal como a logística, e com tantas vertentes tão distintas e com diferentes especificidades entre si, um cargo como director de logística pode ir desde, por exemplo, logística farmacêutica, alimentar, não perecíveis, peças metálicas ou até transportes (e mesmo esses podem ser rodoviários, ferroviários, marítimos, fluviais…). O termo é abrangente, o que torna um desafio para os recrutadores perceberem o que realmente necessitam, e se os profissionais em questão têm a experiência necessária para preencher os requisitos da empresa, pois nem todos os directores de logística de um sector automóvel estão familiarizados com as questões de logística de frio, por exemplo.

Como forma de colmatar esse défice, Hugo Gonçalves, fundador da RSDG Human Capital, investiu numa empresa especializada no recrutamento e selecção de profissionais, que traça e identifica os perfis dos profissionais mais detalhada e especificamente para a área da logística e supply chain.

Quando nasceu e como surgiu a ideia de criar uma empresa de recrutamento e selecção especializada em logística e supply chain?

A ideia de criar um projecto é na realidade bastante antiga e há muito tempo que estava na nossa mente. A área claramente teria de ser a nossa área de eleição – a logística – mas o quê apenas surgiu em Julho passado.

Durante o nosso percurso profissional tivemos necessidade de recrutar pessoas para as nossas equipas, esta necessidade levou a que por vezes fosse necessário recorrer a parceiros externos para conseguir seleccionar a pessoa certa. Foram então contactados alguns dos grandes players no mercado nacional da área de recrutamento e selecção. Apesar de alguns terem consultores especializados em logística, nem sempre era fácil conseguir os candidatos com a experiência e capacidades que se pretendia.

Dada a especificidade da área é importante conhecê-la por dentro. Um supervisor de armazém, por exemplo, tem requisitos completamente diferentes dependendo da empresa e da sua área de actuação. É um armazém que abastece uma linha de montagem? É um armazém que recepciona e expede mercadoria? É um armazém de frio? Carrega, descarrega e manuseia mercadoria perigosa? É automatizado? Funciona como plataforma de cross docking? Uma única função pode implicar requisitos completamente diferentes e que necessitam de uma boa definição nas capacidades necessárias à função. É aqui que nós surgimos, dada a experiência que temos das várias empresas e funções por onde passámos, vamos poder dar todo o suporte para conseguir mais rapidamente e assertivamente chegar ao candidato certo.

A vossa actividade está centrada numa região ou actuam a nível nacional?

Nós estamos onde as empresas precisarem de nós. Como profissionais da logística ninguém mais do que nós saberá como estar no local acordado à hora combinada!

Hoje em dia existem várias formas de contacto, quer presencialmente quer virtualmente e isso está cada vez mais facilitado. A situação actual veio vincar isso mesmo e levou a que todos o percebessem de forma clara.

No início, o contacto até pode ser à distância utilizando para o efeito as várias ferramentas disponíveis, mas com o avançar do processo e na fase final de entrevista claramente teremos de ter um contacto pessoal quer com os nossos clientes (as empresas) quer com os candidatos seleccionados.

Este é um sector de actividade onde predominam alguns “gigantes” multinacionais. Como procuram distinguir-se e fazer a diferença?

A RSDG Human Capital posiciona-se num segmento onde efectivamente existem algumas empresas de referência nacional e internacional. Por terem uma presença tão vincada ditam algumas das regras e modelos que acabam por ser adoptados pelo mercado.

Fazer a diferença – é esta a génese da nossa existência. Pelo que conseguimos apurar, em Portugal não existe nenhuma empresa de recrutamento especializada apenas numa área de actuação, quer seja a logística ou outra. Aqui já começa a diferença. Não queremos fazer aquilo que desconhecemos, não queremos fazer recrutamento generalizado, queremos fazer recrutamento especializado para a área da logística e supply chain.

O nosso objectivo é criar uma relação com as empresas com as quais estamos a trabalhar, queremos em conjunto não só com o departamento de Recursos Humanos mas também com o Responsável da área para onde estamos a recrutar, criar uma relação de confiança. Queremos ir ao terreno e perceber qual é a área de actuação, que tarefas necessitam de suporte, que tipo de produtos ou serviços disponibilizam, que expectativas têm para a posição em aberto. Com a nossa experiência perspectivamos ajudar a definir o perfil da pessoa necessária no caso da empresa assim desejar. Assim, iremos conseguir direccionar a nossa pesquisa duma forma mais objectiva e concreta de maneira a atingir os objectivos globais. Adicionalmente, há que referir que para nós o processo não termina com a selecção do candidato, queremos fazer um acompanhamento próximo durante o período de integração e acompanhar ambas as partes para saber se fomos bem sucedidos. Queremos saber se o seleccionado sente que a posição era a que ambicionava e se a empresa está satisfeita com o perfil escolhido. Só assim podemos seguir em frente com a confiança de dever cumprido.

Que impacto tem tido a pandemia no recrutamento e selecção e que mudanças considera que a mesma pode trazer em termos de trabalho ao mundo da logística e supply chain?

Como qualquer outro factor que traga disrupção e como qualquer disrupção traz mudanças também esta pandemia vai fazer a sua parte.

Uma das grandes mudanças que já se verifica na área do recrutamento e selecção é a forma de fazer esse recrutamento. Antes da pandemia já havia empresas numa fase inicial do processo a fazer entrevistas utilizando várias plataformas de comunicação como o “Teams” ou o “Zoom”. Com a pandemia esta ficou mais generalizada e está a tornar-se uma forma prática para ambos os lados, essencialmente na fase inicial para conhecer e avaliar os potenciais candidatos. Por um lado, se esta opção pode permitir até avaliar mais candidatos (devido à facilidade de o fazer) que com o processo anterior poderiam não ser considerados pode, no entanto, levar a uma menor percepção do candidato, pois um contacto pessoal mostra sempre mais. Daqui nasce a necessidade de haver uma adaptação dos recrutadores para conseguirem retirar uma maior informação possível destes primeiros contactos remotos. Terão de aprender novas técnicas e definir novas tácticas e formas de conseguir perceber se será, ou não, um candidato válido. Está aqui um novo desafio!

A área da logística e supply chain como se tem presenciado nos últimos meses têm sido uma das mais pressionadas e requisitadas – duma forma diferente que a área dos cuidados médicos – mas com uma importância extrema na sobrevivência e continuidade da vida na terra. O facto de as pessoas não se poderem deslocar leva a que cada vez mais tudo tenha de chegar às pessoas. Há neste momento uma forte pressão nas cadeias logísticas e os profissionais desta área estão a ser muito requisitados e necessários em todos os domínios. Acreditamos que será uma fase de crescimento nos próximos tempos, pois há um aumento das necessidades de movimentação de mercadorias, preparação das mesmas, novos pontos de armazenagem, deslocalização de fornecedores e criação de novos e diferentes fluxos logísticos, é necessário também pessoas capazes de criar, garantir e gerir todas estas novas alterações que subitamente passaram a necessitar destes profissionais.

Em conclusão, pensamos que o futuro será promissor e desafiante e que cada vez mais precisaremos de pessoas capazes e com capacidade de adaptação e de resposta a este mundo que corre a uma velocidade que, por vezes, parece ser mais rápida que as nossas próprias possibilidades de o acompanhar.