A nova estratégia da União Europeia passa por tornar o aprovisionamento europeu de matérias-primas mais seguro e sustentável, através de um plano de acção que analisa os desafios actuais e futuros, e propõe medidas para reduzir a dependência da Europa em relação a outros países, diversificando o abastecimento a partir de fontes primárias e secundárias e melhorando a eficiência de recursos e a circularidade.

No âmbito desta nova aposta, a Comissão Europeia defendeu a exploração de lítio no Norte de Portugal, mas apelou ao diálogo com as comunidades locais, segundo o Expresso.

Maroš Šefčovič, Vice-Presidente da Comissão Europeia, responsável pelas Relações Internacionais e Prospectiva, defende que “Portugal é muito forte na energia renovável, nomeadamente a solar e a eólica, e para isso é necessário armazenar a energia [através do lítio], não só para o sector automóvel, como também para as baterias industriais”.

Na apresentação de um novo plano de acção para as matérias-primas essenciais, incluindo o lítio, o responsável refere que “existe um forte panorama tecnológico em Portugal”, pelo que “várias start-ups iriam beneficiar bastante se um hub moderno de tecnologia estivesse sediado” no país, aludindo aos planos do governo português para criar um cluster de lítio e da indústria das baterias no Norte.

Contudo, refere que esta é uma decisão que deve ser tomada em conjunto com as comunidades locais e os governos nacionais. Ainda assim, esperam conseguir promover o diálogo e fornecer o apoio necessário no que diz respeito ao financiamento.

Quando questionado sobre a oposição que os planos para a exploração mineira de lítio em Portugal têm recebido por parte das localizações com potencial identificado e de grupos ambientalistas, Maroš Šefčovič diz ter conhecimento de tal contestação, “temos, obviamente, conhecimento destes desafios e garanto que estamos em condições de negociar com os governos nacionais, mas também com as comunidades locais, porque é preciso assegurar a essas comunidades que esses projectos não só são da maior importância, como também beneficiarão a região e o país”.

Assim, acredita que é necessário encarar esta nova forma de promover o acesso a matérias-primas essenciais de uma forma “europeia e abrangente, com uma abordagem social e responsável”, refere.

O governo português pretende criar, ainda este ano, um cluster do lítio e da indústria das baterias, e vai lançar um concurso público para atribuição de direitos de prospecção de lítio e minerais associados em nove zonas do país. Porém, a exploração de lítio nestes potenciais territórios é contestada por vários movimentos cívicos, associações ambientais e associações culturais.

Bruxelas refere que a Europa irá necessitar de 18 vezes mais lítio até 2030 e de até 60 vezes mais até 2050 para as baterias dos automóveis eléctricos e para o armazenamento energético.