Apesar de algumas empresas terem sofrido prejuízos com o surto de Covid-19, outras viram nesta pandemia uma oportunidade para impulsionar os negócios, fosse devido à crescente necessidade de determinados sectores, fosse pelo desenvolver de novas áreas de negócio ou mesmo pela própria transformação digital, e prevêem uma recuperação ou mesmo crescimento até ao final do ano.

No caso da DPD, empresa do sector da logística resultado da fusão da Chronopost com a Seur, notou-se um forte crescimento das encomendas efectuadas pelos consumidores finais desde que a pandemia se começou a fazer sentir no nosso país, e “acredita que as vendas online vão ter uma expressão cada vez maior”. Para além disso, destaca ainda a ideia de que “será necessário um esforço acrescido por parte de todas as empresas para que consigam adaptar o seu modelo de negócio a esta nova realidade”.

Olivier Establet, CEO do Grupo DPD para Portugal, defende ainda que esperam “terminar o ano com um crescimento a dois dígitos”. Embora tivessem sentido um impacto negativo no início da pandemia relativamente ao B2B, aquando do fecho de determinadas lojas e centros comerciais, também sentiram um crescimento na vertente B2C, “sobretudo em bens essenciais”, resultado de as pessoas evitarem sair de casa para realizar as suas compras, explica.

José António Reis, director geral da DHL Express Portugal, também revela que a empresa teve um aumento relativamente às encomendas para os consumidores finais: “a quebra de volumes em Abril foi residual, porque o negócio B2C compensou largamente a queda em B2B”, e como tal reforça a ideia de que “o investimento previsto em Portugal é para continuar”.

Também a ID Logistics Portugal sentiu este impacto, e Hugo Oliveira, country manager da empresa no nosso país, comenta mesmo que “as pessoas estão a perder o medo de comprar online e devemos ter em consideração que, a partir de agora, o e-commerce adquirirá um carácter mais transversal, aplicando-se a outros sectores nos quais até agora não era muito relevante”. Defende ainda que a situação do Covid-19 servirá como momento de reflexão e levará a uma mudança nos comportamentos e hábitos de consumo.

Enquanto isso, a DB Schenker, pela voz de Luís Marques, managing director da empresa, considera que os fornecedores de logística são os principais afectados pelo impacto da pandemia. “Para além da desaceleração económica, o desequilíbrio disruptivo entre a procura e oferta em várias locais do mundo colocaram os operadores logísticos à prova na sua capacidade de desenvolvimento e entrega de soluções”, comenta o responsável da empresa, acrescentando que “apenas os que estão mais preparados conseguirão responder ao desafio de forma adequada”

No caso da DB Schenker, Luís Marques comenta que houve uma “redução assimétrica no volume de negócios”, mas destaca que “já estamos a retomar a nossa actividade e esperamos uma recuperação gradual até alcançar os volumes habituais pré-Covid”.