A Cervejeiros de Portugal, a associação que representa a quase totalidade da produção de cerveja em território nacional, Continente e Ilhas, alerta que o impacto da pandemia COVID-19 em Portugal será dramático e transversal a todo o sector cervejeiro, independentemente da sua dimensão ou capacidade de produção e num curto intervalo de tempo. .

O sector vive desde meados de Março um enquadramento muito negativo, fruto da travagem total do consumo social de cerveja e do encerramento do canal HORECA, actividades que forçosamente foram encerradas por questões de saúde pública e que sustentam a esmagadora maioria da actividade cervejeira. Note-se que em Portugal cerca de 68 a 70% do consumo de cerveja é feito através do canal HORECA e, em termos de contributo líquido para os resultados do sector, este canal tem uma participação ainda superior, rondando os 75% da receita do sector cervejeiro.

O Covid-19 tem também um impacto substancial na capacidade exportadora que, em circunstâncias normais, equivale a 1/3 da produção. Questões logísticas internas e externas, bem como a incontornável quebra da procura nos mercados de destino, está a impactar de forma irremediável as exportações, nomeadamente no mercado europeu, que se encontra literalmente parado.

Francisco Gírio, Secretário Geral da Associação Cervejeiros de Portugal, considera que “estamos a viver uma crise como nunca vivemos no passado, do mais recente ao mais longínquo. A situação actual exige políticas e iniciativas de defesa do sector que garantam a continuidade de profissionais e empresas, bem como de toda a cadeia de valor associada à produção, distribuição e marketing/vendas. Os fornecedores de matérias-primas como cevada e lúpulo, a indústria das embalagens, a força comercial e técnica, são também severamente impactados por esta pandemia, fruto da modificação forçada de hábitos sociais.”

Tendo em conta este enquadramento, o Conselho Directivo desta associação enviou na semana passada uma carta ao Ministro de Estado da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, apelando para a avaliação do actual momento e pedido de implementação urgente de algumas medidas de apoio, nomeadamente, a aplicação de uma moratória de, pelo menos, seis meses no pagamento do Imposto Especial de Consumo da Cerveja (IABA) e que os pagamentos por conta do IRC a efectuar este ano, sobre o exercício de 2020, não sejam calculados com base nos resultados de 2019, mas sim na previsão dos resultados da actual realidade de mercado e com o devido reajuste em termos efectivos em 2021.

Os Cervejeiros de Portugal consideram estas medidas de carácter urgente, sob pena de se tornar inevitável o recurso a medidas excepcionais de emergência por parte de empresas produtoras de cerveja. Recorde-se que a Fileira da Cerveja, em fase de pré COVID, é o 15.º sector mais relevante da economia nacional, com uma contribuição de mais de 80 mil postos de trabalho directos e indirectos, assentes numa cadeia de valor quase totalmente nacional que gera mais de mil milhões de euros/ano.