Só por si, os mercados abastecedores já são bastante importantes, mas em tempos de aperto percebemos melhor o papel  que estes desempenham e que não pode parar, apesar dos alertas. Em Espanha, o Mercamadrid, o maior centro de distribuição de alimentos da Europa, já recebeu mais 16% de alimentos nos últimos quatro dias que no mesmo período do ano passado, e passaram de 36,5 toneladas para 43,3, um reforço nos armazéns “do único mercado que não se pode dar ao luxo de tropeçar”, segundo indica o ABC.

Com o surto da pandemia Covid-19, por todo o lado começam a ser visíveis super e hipermercados a ficar com as prateleiras vazias, em busca de bens de primeira necessidade, o que deixa uma carga maior para os mercados abastecedores, que se pararem, param tudo… E também eles temem o vírus.

No caso português, Rui Paulo Figueiredo, presidente do SIMAB, entidade gestora dos mercados abastecedores nacionais de interesse público, comenta à Supply Chain Magazine que os mercados abastecedores se encontram a funcionar, e que também eles tomaram diversas precauções para prevenir a propagação do vírus, e que acompanham com atenção o desenrolar da situação e as recomendações da Direcção Geral de Saúde (DGS) e do Governo.

O grupo tem estado em contacto com as diferentes autoridades locais de saúde e protecção civil dos concelhos onde temos presença, de forma a prevenir qualquer problema que possa acontecer, pois têm uma responsabilidade acrescida de responder à procura de bens de primeira necessidade que se está a verificar por todo o país, e que não podem faltar nas prateleiras dos retalhistas, porque se eles pararem, o país pára, e agrava-se a situação de ruptura de stocks que se tem verificado pelo país.

Neste sentido, foi necessário tomar medidas para prevenir o contágio, e ao contrário do que aconteceu com o comércio a retalho, o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), enquanto grossista, utilizou um método diferente: alargou a janela horária entre as 15h30 e as 23h, como forma de manter o seu mercado abastecido e a evitar uma grande concentração de pessoas no mesmo espaço e ao mesmo tempo, permitindo assim que estas mantenham um maior distanciamento social.

Ainda em linha com a ideia de evitar ao máximo o contacto entre pessoas, Rui Paulo Figueiredo recomenda ainda aos “operadores que, durante este período, sempre que possível, preparem previamente as encomendas com os seus clientes por forma a limitar o tempo que estes permanecem no MARL”.

Dentro desse período definido, cada operador poderá, e deverá, exercer os seus próprios planos de contingência, em linha com os já existentes por parte do SIMAB, de forma a evitar a propagação do vírus.

“A cada momento outras medidas poderão ser adoptadas consoante o evoluir da situação e as recomendações e determinações do Governo e da DGS”, conclui o responsável.