A gestão “dentro” do Procurement.

Assim como ao Procurement pedem rapidez, com processos a surgirem constantemente fora daquilo que é o próprio planeamento (podemos dizer que é quase abusivo um departamento de Procurement ter planeamento, não por si, mas pela sua dependência dos clientes internos) também todos esperam que a área/departamento tenha uma resposta ou capacidade estratégica.

E isto talvez seja o mais difícil de explicar. Todos os dias são iniciados com um plano para o dia, de tarefas e objetivos, e todos os dias são alterados porque há qualquer coisa que surge e é mais prioritário que as prioridades de ontem. Ou porque é necessário um reporte de alguma coisa que é mais relevante que os processos em curso. E às vezes fica aquela sensação no ar que não estamos a gerir bem as coisas, quando não podemos gerir aquilo do qual não temos controlo (nem nos permitem ter).

É quase como estar num quartel de bombeiros, onde planeamos fazer a manutenção às viaturas. E começam fogos em vários locais… e logo nesse dia vem um calor abrasador e vento seco.

Temos que dar prioridades. Cancelamos os planos de manutenção para atacar os fogos. Mas não é que, estando os fogos controlados, levamos na cabeça porque não temos a manutenção das viaturas feitas!?

É a melhor analogia que me ocorre. Sendo certo que se voltar a ler, em 10 minutos terei uma outra que me parece mais apropriada. E se calhar amanhã outra. E sei que quem está na área encontrará mais 50 – talvez fruto deste permanente sobressalto.

Sendo por si já complicado ter um planeamento para o próprio Departamento de Procurement, é de valorizar quando se consegue pensar na função de forma estratégica e inovadora. Conseguirmos pensar a função, encontrar maneiras de a melhorar, criar formas inovadoras de fazer o que temos a fazer, garantido sempre os resultados pretendidos pela organização, e sempre com capacidade de encaixar todos os percalços do dia a dia dessa mesma organização. E assim, vamos contribuindo para a valorização do Procurement, pensando constantemente na função ao mesmo tempo que garantimos a resposta (melhor do) que esperamos de nós.

A frase “Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança” é atribuída a Stephen Hawking (falecido em 14 de março de 2018).

Julgo que ele nunca trabalhou num departamento de Procurement, mas é muito apropriada – com as devidas distâncias, com respeito e sem sobranceria – pois é exigida uma forte capacidade de adaptação e mudança a quem tem a sorte de estar numa área como esta. Porque é mesmo isso, é uma sorte, é um desafio enorme, desgastante, mas também muito enriquecedor e gratificante.

E ainda na obra de Stephen Hawking , numa nota mais humorística. Às vezes os processos que tratamos são como as estrelas que vemos hoje no céu. Quando hoje as olhamos, vemos estrelas em que algumas já não existem ☺

Bruno Cunha | Director de Compras