O mundo do Supply Chain já conhece a importância de que uma boa gestão nesta área pode representar o sucesso ou o fracasso de um negócio, seja ele empresa, projeto, processo ou uma compra apenas.

O conceito deste departamento é amplo e integram atores que conectam fluxos físicos e de informações. Os fluxos físicos envolvem a transformação, movimentação e armazenamento de bens e materiais. Eles são a peça mais visível da cadeia de suprimentos, mas não funcionam sem um adequado fluxo de informações, que permite que os vários parceiros da cadeia de suprimentos coordenem seus planos e controlem o fluxo de bens e materiais no processo como um todo.

Para uma visão atual destes fluxos, neste artigo comento sobre o paper acadêmico de Irene J. Petrick e Ann E. Echols[1], que nos mostra que à medida que os sistemas de produtos se tornam mais complexos e à medida que os novos materiais e tecnologias da informação (TI) incorporados nos produtos se tornam mais sofisticados, a experiência necessária para desenvolver com sucesso um novo produto geralmente fica em mais de uma empresa. O que é necessário é uma mudança na maneira como fornecedores e compradores interagem entre si, incluindo uma rede de compartilhamento de informações mais aberta. Isso representa um afastamento significativo das práticas tradicionais de gestão da cadeia de suprimentos e requer um novo conjunto de ferramentas e sistemas de TI para capturar, vincular e compartilhar informações além dos limites organizacionais. Para lucrar com a incerteza, as empresas podem reunir investimentos e compartilhar riscos.

No entanto, as montadoras automobilísticas, avançadas em I&D, já estão em conexão com estas premissas, mas parece que o mercado como um todo vê este processo apenas para os grandes. E o que tenho analisado entre artigos acadêmicos é que sim, é também para muitos, desde que se interessem em colaborar. Esta estratégia que pode beneficiar, e imenso, empresas menos predispostas a investir seu capital em tecnologia.

O método que Petrick e Echols apresentam é usar o investimento em tecnologia de forma mais inteligente e optar por recursos que não se tornam obsoletos no curto prazo. As empresas precisam de investimentos duráveis que possam sustentá-las também em tempos de descontinuidades tecnológicas. Por isso, propõem que a gestão da cadeia de suprimentos deve ser vista sob um novo ângulo, combinando seus recursos com a TI, que resulta em roadmappings para fazer escolhas superiores de investimento em tecnologia.

Para entender melhor se a tecnologia vai ser de longo prazo, é preciso analisar a sua trajetória, a extensão das tecnologias anteriormente relacionadas e também devem considerar as novas descobertas que ocorrem. Assim, o significado de uma inovação para uma empresa pode ser melhor explicado pela natureza da inovação, seu relacionamento com as principais competências da empresa e seu conhecimento do mercado.

As empresas podem olhar para o exterior e criar novas parcerias fornecedor / comprador, desenvolver oportunidades de sinergia e / ou tecnologia disruptiva. Essa abordagem pode impactar positivamente o tempo de colocação no mercado para toda a cadeia de suprimentos. A racionalização dos processos entre empresas é a próxima grande fronteira, entendidas como cadeias de suprimentos ágeis, são particularmente importantes quando a incerteza tecnológica e a incerteza do mercado se combinam para criar pressões competitivas severas para uma única empresa, pois ajudam a reunir conhecimento e compartilhar riscos entre os membros da rede.

Algumas maneiras de otimizar a cadeia de suprimentos tem sido integrar informações entre empresas, além dos limites organizacionais, com relação aos processos de TI, contabilidade, redução de cargas, fornecimento de bens e materiais e terceirização. A terceirização é a estratégia de gestão da cadeia de suprimentos que mais cresce. Ela vincula as capacidades dos recursos dentro da rede, estendendo assim as capacidades de uma empresa individual. Esse crescimento significa cada vez mais que os fornecedores se tornarão uma fonte de informações sobre novas tecnologias e que, em muitos casos, é mais provável que o desenvolvimento real seja realizado por um fornecedor, e não pelo montador, integrador ou usuário final.

Tem-se percebido que, ao adoptar as estratégias de intercâmbio eletrônico de dados para o processamento de transações e o rastreamento de pedidos, o desempenho de toda a cadeia de suprimentos é avaliado por reduções de custos e tempo de ciclo, reduções e flutuações de estoque e retorno do investimento em capital de giro.

Nesta perspectiva, o compartilhamento de informações entre empresas desenvolve os recursos de cada uma, pois relacionamentos cooperativos e fluxos de conhecimento bem-sucedidos podem ser a fonte de vantagem competitiva. Podem também impulsionar, quando uma parte tira vantagem adicional das informações além da cooperação específica. Por exemplo, quando uma empresa usa as informações disponíveis em um desenvolvimento de produto pretendido e, posteriormente, usa o aprendizado associado para desenvolvimentos adicionais. A reutilização da tecnologia reduz os custos e os riscos de trazer um novo produto ao mercado e também oferece novas oportunidades para empresas individuais da rede para participarem de outras redes colaborativas, criando um ambiente dinâmico para redes de redes.

O compartilhamento de informações que leva a uma colaboração efetiva requer um nível de confiança entre as organizações e o compartilhamento de informações de propriedade de cada uma exige uma situação de ganha-ganha para que o resultado positivo seja alcançado.

Isabela Latini | especialista em Comércio International & Supply Chain

[1] Petrick, Irene & Echols, Ann. (2004).
Technology roadmapping in review: A tool for making sustainable new product development
decisions. Technological Forecasting and Social Change.
71. 81-100. 10.1016/S0040-1625(03)00064-7.