Perto de 12 milhões de toneladas de resíduos têxteis têm como destino, todos os anos, os aterros. O sector da moda é o segundo maior consumidor de água e poluente, tendo ainda processos de produção a emitir CO2 e outros gases de efeito estufa. Apesar de mais de 99% da roupa deitada fora poder ser reciclada e reutilizada, mais de 85% acaba sem um fim útil de vida.

Apesar de concordar que esta seja a realidade do sector, Mário Jorge Machado, Presidente da ATP, destaca ao ECO que “o papel das empresas têxteis portuguesas na Europa é bem diferente”, referindo que esta indústria “é uma das mais regulamentadas do ponto de vista ambiental”.

A Riopele, uma das empresas têxteis mais antigas de Portugal e com maior consumo energético do sector, encara a sustentabilidade como uma prioridade, tendo já adoptado algumas práticas amigas do ambiente, como a redução do consumo de água e electricidade em todo o processo, bem como a instalação de um parque de painéis fotovoltaicos, a ser alargado brevemente.

Ao ECO, o Presidente da Riopele, José Alexandre Oliveira, afirma que “já reduzimos aproximadamente metade do consumo de água e todos os investimentos que fizemos nos últimos três anos foi com o objectivo específico de diminuição drástica dos consumos de energia”.

Já optam pelo uso de químicos e matérias-primas mais sustentáveis, como algodão orgânico e poliéster reciclado. Têm ainda uma colecção sustentável que tem representa uma “percentagem significativa”, segundo José Alexandre Oliveira.

Em vez de integrar a sustentabilidade no negócio, a Vintage for a Cause, faz da sustentabilidade o seu negócio, tendo como missão aliar a preocupação ambiental à responsabilidade social. Esta marca produz peças de roupas exclusivas, vegan e manufacturadas a partir do desperdício têxtil. Desde que foi criada, em 2013, já aproveitou cerca de uma tonelada de desperdício, tendo como objectivo chegar às duas toneladas em 2020.

Este projecto segue os princípios da economia circular, promovendo a devolução de peças em final de vida. Funciona como uma plataforma colaborativa para o upcycling, envolvendo designers, marcas de roupa e a própria indústria portuguesa.

“Acredito que o único caminho para a sustentabilidade é este: criar modelos, estilos de liderança e inovações que tragam mais humanidade à sociedade em geral, preservando o ambiente de forma realista e ajustada aos dias de hoje”, refere a Fundadora Helena Antónia ao ECO.

Esta iniciativa já permitiu poupar 3.000.000 de litros de água e 7000 kg de CO2.