Três em cada quatro medicamentos da Empresa Nacional de Produtos Farmacêuticos (Emprofac) são provenientes de fornecedores externos, e os restantes 25% são abastecidos pelo laboratório da Inpharma, segundo explicou o presidente do conselho de administração Gil Évora no encontro nacional da Emprofac.

Segundo o responsável, a Emprofac trabalha com cerca de 8 mil tipos de medicamentos, mas a maior parte chega de outros países, entre os quais se destacam Portugal, o principal fornecedor, e o Brasil.

Devido a grande parte dos medicamentos serem abastecidos por mercados estrangeiros, estão muito sujeitos a rupturas de stocks devido a factores externos, e Gil Évora ainda o sente. Recentemente aconteceu uma ruptura de stock de medicamentos, especialmente de anti-hipertensivos, criada por dificuldades no abastecimento e de escassez de matéria-prima na Europa, o que impediu a exportação e afectou Cabo Verde, sendo que ainda hoje se encontram a trabalhar num plano de mitigação que desenvolveram na segunda metade de 2019.

“Uma das medidas que tomámos no plano de mitigação foi diversificar os fornecedores e olhamos mais para o mercado brasileiro, para o senegalês, para os mercados marroquino, italiano e o belga”, revelou Gil Évora.

A Emprofac pediu permissão à Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS) para introduzir medicamentos em línguas italiana, francesa e inglesa, tendo feito a tradução dos respectivos folhetos informativos para abastecer o mercado e cumprir o regulamento nacional.

Comentando a questão da falta de medicamentos, Gil Évora explica que nos períodos em que existe uma maior presença da virose os stocks reservados para três meses pode chegar a durar apenas um, devido à maior procura. Para repor esse stock, é necessário pedir ao Inpharma ou aos fornecedores externos para aumentarem a rapidez de fornecimento, e que isso “dura uma semana para chegar, por causa de algum atraso nos transportes”.

Revelou que no início a empresa tinha alguns problemas de comunicação com os clientes, e que procuraram “abrir um canal de diálogo com os hospitais, com as farmácias e com os centros de saúde, e achamos que as coisas correram bem”.

Gil Évora espera que se mantenha a relação da empresa com os clientes após a privatização da Emprofac, prevista para Junho ou Julho de 2020, na qual a portuguesa Mercafar já mostrou interesse em participar.