O porto de Sines está a fazer um investimento com o sistema portuário nacional que supera os 1,3 mil milhões de euros, o maior investimento privado de sempre dentro do sector. Em questão encontra-se a abertura das concessões para a ampliação do Terminal XXI e para a construção de um novo terminal de contentores, o Terminal Vasco da Gama.
O Terminal XXI, único terminal de contentores do porto, já opera acima da sua capacidade teórica, pelo que se tornou impossível captar novas linhas. Em resposta à procura que se tem sentido, e a estimada para as próximas décadas, foram aprovadas as conclusões da análise de mercado “Estratégia para o Aumento da Competitividade da Rede de Portos Comerciais do Continente – Horizonte 2026”, por parte da RCM nº 175/2017, tendo como objectivo o aumento da sua capacidade para carga contentorizada.
Neste sentido, foi assinado no passado dia 12 de Outubro um aditamento ao contrato de concessão, pela Administração do Porto de Sines e pela PSA Sines, que permite a realização de novos investimentos de expansão do cais e redimensionamento e modernização desta infra-estrutura, tendo entrado em vigor a partir daquele momento.
O investimento global deste investimento é de 660,9 milhões de euros, totalmente privado, a concretizar pela concessionária PSA Sines, envolvendo a expansão do cais de acostagem e respectivos equipamentos de movimentação, ficando ainda ao seu encargo a manutenção, substituição e renovação dos equipamentos previamente existentes, ao longo de toda a vida da concessão.
Deste investimento, 134,4 milhões são realizados em infra-estruturas, entre Fevereiro de 2021 e o final de 2023; 9,4 milhões para expansão da ferrovia, já concluída; 154,2 milhões para novos equipamentos a adquirir até 2027. Os restantes 363 milhões de euros serão investidos na renovação de equipamentos ao longo da vida da concessão, cujo prazo será aumentado em 20 anos, de forma a permitir à concessionária amortizar o investimento acordado.
Para já está previsto o aumento de 42 para 60 hectares da zona de armazenagem, cuja capacidade passará de 2,3 para 4,1 milhões de TEUs.
Com este aditamento a concessionária PSA Sines abdica do direito de preferência ou exclusividade de construção e exploração de outros terminais de contentores que venham a ser localizados no Porto de Sines.
A mesma análise de mercado aprovou também a criação de um novo terminal de contentores, o Terminal Vasco da Gama, cujo concurso público internacional será lançado a partir de amanhã, dia 15. Neste concurso espera-se que os interessados apresentem um projecto e estejam responsáveis pela sua construção e exploração, tendo estes 9 meses para apresentar as suas propostas. O vencedor da concessão irá adjudicar o espaço no último trimestre de 2020 e iniciar as obras em 2021, com a duração aproximada de três anos.
Este novo terminal terá uma capacidade de movimentação anual de 3,5 milhões de TEU e um cais com um comprimento de 1.375 metros, com três posições de acostagem simultânea com capacidade para receber ao mesmo tempo os maiores navios do mundo (com 400 metros de comprimento, 60 de boca e capacidade para 24 mil TEU). O espaço terá uma área de terra-planalto de 46 hectares, 15 pórticos de cais e fundos de -17,5 m ZH.
O investimento total estimado é de 642 milhões de euros, de fundos privados, a cargo da futura concessionária. Prevêem-se 225 milhões de euros dedicados a equipamentos e 417 a infra-estruturas, sendo que para este valor o Estudo Económico-Financeiro considera um prazo de concessão de 50 anos.
Espera-se que a concessionária fique responsável pela construção e pelo financiamento do terminal, pela assunção de todos os riscos associados, concretizando o modelo de gestão portuária do tipo landlord port aplicável ao sistema portuário nacional e recomendado pela Comissão Europeia e pela OCDE. Estima-se que este novo terminal gere um impacto de 524 milhões de euros, o equivalente a 0,28% do PIB e 0,33% do VAB português, e crie 1350 postos de trabalho directos na fase de exploração.
A nível de investimento público, serão dedicados ao Porto de Sines cerca de 300 milhões de euros nos próximos cinco anos, para a sua modernização e digitalização.
“A concretização destes dois projectos permite colocar o Porto de Sines como um dos principais portos de nível mundial e particularmente do “West Med”, em termos de oferta portuária no segmento da carga contentorizada, atingindo mais de 7 milhões TEU, garantindo capacidade para competir e atrair novas cargas e clientes, das cadeias logísticas globais, reforçando o posicionamento de Sines no contexto marítimo-portuário internacional”, lê-se no site da Associação dos Portos de Portugal.