O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) tem em funcionamento, desde meados de Julho, um novo sistema para detectar medicamentos falsificados. O investimento feito foi de cerca de cinco mil euros e visa cumprir a nova directiva europeia, que pretende combater a introdução destes produtos contrafeitos na cadeia de abastecimento, e que tem causado imensas dificuldades às farmacêuticas devido à complexidade dos processos.

“O CHL é assim um dos primeiros hospitais do País a cumprir a directiva europeia que estabelece um código comunitário relativo aos medicamentos para uso humano, para impedir a introdução de medicamentos falsificados na cadeia de abastecimento legal”, refere o comunicado.

A directiva em questão refere que na UE se regista “um aumento alarmante de medicamentos que são falsificados no que diz respeito à sua identidade, história ou origem. Esses medicamentos contêm normalmente componentes fora das especificações ou falsificados, ou não contêm um ou mais componentes, ou contêm componentes – incluindo substâncias activas – em dosagens incorrectas, representando uma ameaça séria para a saúde pública”, defendendo a utilização de dispositivos de segurança que permitam verificar a autenticidade e identificar cada embalagem, e comprovar possíveis adulterações.

O sistema careceu de uma aquisição e integração de um programa específico na plataforma informática do Serviço Farmacêutico, bem como leitores de códigos. Foi ainda necessário reorganizar a sala de recepção da medicação e implementar processos mais rigorosos para a gestão de stock, sendo necessária a alocação de um novo assistente técnico, um assistente operacional e um técnico superior de diagnóstico e terapêutica para o funcionamento do sistema.

Este investimento consiste na verificação manual da integridade de cada embalagem de medicação recepcionada no Serviço Farmacêutico, bem como da integridade do dispositivo de prevenção que sela a embalagem. De seguida, é verificada a autenticidade da mesma, através de uma leitura digital do identificador único de cada embalagem individualmente, sendo localizados informaticamente no Serviço Nacional de Saúde (SNS), e caso algum desses códigos não exista, se encontre errado ou já tenha sido registado noutro local do país (hospital ou farmácia), o sistema dá o alerta imediato.

Joaquina Sanganha, directora do Serviço Farmacêutico do CHL, explica ao Sapo que se trata de um processo demorado, mas que é uma garantia de segurança: “é uma garantia de qualidade para o SNS, que paga pelo medicamento que está a ser dispensado e não por um medicamento falsificado, é uma garantia para o farmacêutico que tem a certeza que dispensa produtos de qualidade e de origem autorizada, e é uma garantia para os utentes que sabem que o produto é seguro e não adulterado”.

Relativamente ao sistema utilizado, a representante do CHL defende ainda que “apesar de toda a reestruturação que envolveu no serviço, faz todo o sentido, porque nesta casa a qualidade e a segurança são uma preocupação constante, estão no centro da nossa actividade. A implementação desta directiva europeia vem reforçar o foco do CHL na segurança do doente, já plasmado na acreditação da instituição pela Joint Commission International, um selo de qualidade cujo foco é precisamente a segurança do doente”.