O edifício Torre Glòries, em Barcelona, propriedade da Merlin Properties desde 2017, terá um espaço multi-uso em que, durante o dia servirá de parque de estacionamento e, das 23:00h às 07:30h tornar-se-á uma base logística de última milha. No entanto este não será o único projecto do género, uma vez que estão já planeados outros dois, um em Las Tablas e outro no corredor da A4, em Madrid, como anunciou a Merlin Properties.

Ismael Clemente, Presidente da Merlin Properties, afirma que esta aposta vem no sentido de diminuir a “saturação, poluição e restrição de tráfego nas cidades” e explica ainda que a intenção é “usar os estacionamentos como centros logísticos para facilitar a distribuição urbana”.

Assim, a partir das 23:00h, o estacionamento nos prédios da empresa de imobiliário espanhola, será utilizado para a entrada de camiões leves e pesados de operadores logísticos. A mercadoria é encomendada, com base em diferentes critérios, e será distribuída por veículos eléctricos. Por fim, às 7:30h, o espaço voltará à sua função inicial de estacionamento de veículos. A Merlin Properties, através deste projecto, pretende averiguar se este é um modelo viável para aliviar o congestionamento nas cidades.

Esta iniciativa já tinha sido, outrora, pensada pela Saba Aparcamientos, em 2013, cujos activos de logística foram comprados pela Merlin Properties em 2016.

Sylvia Rausch, Directora de Marketing da Saba Infraestructuras, refere que “temos espaços no centro das cidades e queremos fazer dos estacionamentos um elo da cadeia logística com todas as suas restrições em termos de bitola, etc, mas pode ser uma plataforma modal de última milha”.

Os testes-piloto já apresentaram resultados positivos no sentido de melhorar a gestão da mobilidade no que diz respeito à redução de custos, poluição e melhoria da qualidade no ambiente urbano.

Contudo, ainda não foi possível criar um modelo específico de mobilidade para mercadorias na área urbana, à excepção de Siena, em Itália, onde parece ter continuidade.

Como aponta Jaume Barceló, responsável por projectos de transporte e TIC no inLab FIB UPC, os testes-piloto até apresentam bons resultados, mas, quando terminam, não têm continuidade.

Embora tenham sido tomadas medidas, falta ainda um plano que integre todos os actores da cadeia de abastecimento e que tenha dinamismo para se adaptar às novas necessidades.