A função de um profissional de compras tem sempre por base a redução de custos junto dos fornecedores. Certo? Pois bem, neste sentido, surge a tecnologia digital que, dependendo da perspectiva, pode, ou não, facilitar o seu trabalho, ou acabar com ele.

Este é um medo que os profissionais da área enfrentam na era da inteligência artificial e machine learning. Considerando todos os factores, não fará mais sentido entregar a tarefa a um sistema que tem a capacidade de processar mais dados do que 100 pessoas? Vejamos.

O volume de dados continua a crescer e, actualmente, os profissionais de compras precisam de recorrer a várias fontes de inteligência, dos próprios fornecedores, além de dados financeiramente independentes ou relatórios de notícias.

Segundo Sammeli Sammalkorpi, co-fundador do procurement analytics software Sievo, “as organizações de compras ainda não aprenderam como explorar esses diferentes tipos de dados”.

A inteligência artificial e o machine learning são adequados a este desafio, e a previsão para o futuro neste âmbito é, precisamente, a colaboração entre os profissionais e a tecnologia, no que diz respeito a compras e gestão de fornecedores.

As máquinas são altamente eficazes para realizar tarefas mais complexas que envolvem problemas bem definidos. Além disso, estão sempre prontas a utilizar e envolvem um baixo custo de operação quando comparados ao salário e aos benefícios de um trabalhador.

Num determinado momento, o gestor precisa de intervir. Os profissionais deste sector têm uma melhor capacidade de avaliar os seus principais fornecedores. Por enquanto, o “machine learning ainda não é suficientemente fiável para gerar decisões”, refere Sammalkorpi. Reforçando, explica que é necessário manter os trabalhadores no circuito para as tomadas de decisão para, numa fase posterior, não culpar a máquina por eventuais erros.

Tudo isto pressupõe que se possa incorporar uma nova tecnologia nas operações de compras. No entanto, um estudo da Forrester Consulting, sugere que este está longe de ser o cenário. Através de um índice de maturidade digital para avaliar o progresso das empresas na adopção de tecnologia no processo de compras, o estudo aponta que a maioria está a subestimar significativamente o seu nível de maturidade nesse aspecto.

65% das empresas inquiridas consideram-se “avançadas”, enquanto que 16% detinham o nível necessário de maturidade digital nas suas operações de compras.

Um dos problemas descritos no estudo é o facto de muitas empresas fazerem escolhas iniciais precárias na selecção de tecnologia de compras. 82% das empresas mudaram ou consideram mudar de fornecedor de tecnologia, apontando os baixos níveis de integração como justificação.

“Os líderes de compras têm a oportunidade de oferecer uma verdadeira vantagem competitiva às suas organizações. A transformação digital é fundamental para o sucesso, mas requer uma avaliação realista da maturidade actual, uma visão clara de cada etapa e da tecnologia certa”, afirma David Khuat-Duy, Director-Executivo da Ivalua.

Tudo isto sugere que a adequada implementação da tecnologia na forma de inteligência artificial e machine learning está longe de afastar os humanos da função de compras, mesmo que o objectivo seja melhorar as operações.