A compliance é cada vez mais um assunto debatido dentro das empresas. As organizações procuram cada vez mais transparência em relação aos seus processos, internos e externos, e às negociações. É aqui que entra a gestão dos seus parceiros de negócio ou, mais especificamente, a gestão de riscos destes parceiros.
Compliance e a gestão do outsourcing
O facto de as empresas recorrerem mais a outsourcing e de surgirem novas obrigações legais aumentam os riscos inerentes ao relacionamento na cadeia produtiva. Isto porque não basta garantir compliance dentro da organização, é preciso assegurar, também, que os parceiros seguem uma série de regras para a integridade das negociações.
Imagine um negócio de retalho em que um fornecedor de mão de obra utiliza colaboradores em situação irregular na sua cadeia de produção. É fundamental garantir que os fornecedores cumprem todas as obrigações legais, além de outras normas e regras. Afinal, ninguém quer correr riscos em relação à reputação da sua marca, certo?
Não são poucas as empresas que ignoram a importância deste assunto. Um estudo recente sobre “Risco de Terceiros”, realizado pela Thomson Reuters, entrevistou cerca de 1.132 empresas em nove países e revelou que apenas 62% das organizações fazem análise de risco (due delligence) dos seus fornecedores ou outros terceiros que tem envolvimento no seu negócio.
Estes dados reforçam que a falta de conhecimento em relação à reputação dos seus fornecedores (práticas de corrupção, uso de mão de obra irregular, etc.) é alta, o que pode resultar, inclusive, em consequências legais para as empresas contratantes.
A gestão de riscos na gestão dos seus fornecedores
Neste cenário, onde as empresas estão cada vez mais dependentes dos seus fornecedores, o desafio é implementar processos eficientes de gestão de riscos – desde o controlo dos dados de registo dos parceiros até a avaliação da reputação da empresa e dos seus executivos. Aspectos como idoneidade jurídica, verificação de regularidade fiscal, qualificação técnica-operacional e práticas de sustentabilidade devem ser pontos-chave na gestão dos fornecedores. É preciso controlar estes aspectos constantemente, não apenas no momento de fechar um contrato.
Uma vez definidos os processos, é preciso ter a certeza que existe um processo interno que permita lidar com a pressão entre a necessidade de atender às necessidades internas (como prazos para a realização de um processo de compras) e o cumprimento das normas estabelecidas no momento da homologação dos fornecedores.
A homologação de fornecedores é extremamente importante para ajudar a garantir a qualidade dos serviços e produtos dos parceiros. Muitas empresas contam com uma área dedicada apenas a este tema, que procura novas formas de desenvolvimento, implementação e manuseio de ferramentas automatizadas para verificar a documentação completa dos fornecedores. Automatizar este processo traz benefícios como padronização e reunião das informações numa base única de dados, integração com outros sistemas, emissão de relatórios de gestão e redução do tempo investido na contração e gestão do fornecedor.
Aliás, vale a pena destacar a principal vantagem da automatização de processos operacionais: a equipa de compras pode dedicar-se às atividades estratégicas e menos processuais, ações que geram realmente valor para a organização.
Resumino, olhar com atenção para a questão dos fornecedores é essencial. Se por um lado, os riscos não podem ser completamente eliminados, por outro, saber administrá-los usando as ferramentas corretas faz toda a diferença. Ou seja, uma gestão eficiente dos parceiros é fundamental para o sucesso do setor de compras da sua empresa e, para o sucesso da organização. Automatize processos operacionais e mude o foco da sua equipa para o que realmente interessa: o core business da organização. Por fim, fique atento aos seus fornecedores, eles são uma extensão da sua marca.
Marcelo Pereira | Diretor da área de Gestão de Fornecedores | Mercado Eletrônico (Adaptação de blog.me.com.br)