Enquanto Portugal aguarda com expectativa a abertura este ano dos supermercados Mercadona, viajámos até Madrid para conhecer o modelo de loja eficiente que o retalhista vai introduzir também deste lado da fronteira e, não menos importante, um dos motores indispensáveis ao funcionamento de toda a sua cadeia de abastecimento: o bloco logístico de Ciempozuelos, em Madrid, que pertence à geração Armazéns Século XXI e onde a eficiência está também no centro de tudo.
A loja Glorieta de Quevedo, fica no centro de Madrid, na praça Quevedo, numa zona habitacional maioritariamente de estudantes e consumidores com poder de compra. Pertence à nova geração de lojas que a cadeia de retalho vai introduzir em Portugal, também designada pela Mercadona como loja eficiente.
É um supermercado de dois pisos, construído com corredores amplos e lineares onde abundam os produtos com as marcas próprias da cadeia de distribuição: Hacendado (alimentação), Deliplus (higiene e beleza), Bosque Verde (produtos de higiene para a casa) ou Compy (alimentação para animais de estimação). De acordo com André Silva, director de comunicação da Mercadona Portugal, no que diz respeito às marcas próprias vs. marcas de produtor, a penetração em loja é na ordem dos 50/50. Primeira particularidade: todos os produtos com as marcas da Mercadona têm a identificação do produtor. Segunda particularidade: os fornos de onde sai o pão para a padaria são da empresa portuguesa Ramalhos e estão em todas as lojas da Mercadona. Terceira particularidade: os pastéis de nata estão realmente a conquistar “nuestros hermanos”, pois a meio da manhã o expositor na zona de pastelaria já estava vazio.
Lá encontrámos também os snacks portugueses de maçã desidratada, o Mateus Rosé, o Porto Cruz e seguramente que se o olhar tivesse sido mais demorado ainda iriamos encontrar mais alguns produtos lusos e outros já com informação na embalagem também em português é que, “em 2018, a Mercadona comprou 88 milhões de euros a produtores portugueses”, conta André Silva director de comunicação da Mercadona Portugal.
O novo modelo de supermercado tem logo à entrada uma zona destinada às entregas ao domicílio e é também junto à porta que estão os sacos para quem pretende que as suas compras sejam entregues em casa. A loja de Glorieta de Quevedo é a que mais serviços faz ao domicílio: 2.600 entregas por mês, como nos explicou a gerente da loja. “O serviço de entregas ao domicílio também vai estar disponivel nos supermercados portugueses”, realça André Silva.
As relações de boa vizinhança são apanágio da cadeia de retalho espanhola, que tudo faz para se inserir na comunidade em que vão nascer as lojas. Foi também assim na loja de Quevedo. O telhado desta loja, um jardim, constituído por plantas autóctones, veio substituir o antigo telhado de fibrocimento e as maquinarias, usuais neste tipo de instalação, estão em salas insonorizadas no interior do local. Por outro lado, estas coberturas verdes absorvem poluição, produzem oxigénio e são um excelente isolamento térmico.
Mas, como se consegue tanta eficiência e produtividade para proporcionar aquilo que o director de comunicação para Portugal da Mercadona designa como “um serviço de excelência às nossas lojas”?
A resposta encontra-se a meia hora de carro de Madrid, na zona de Ciempozuelos. É lá que fica localizado o Bloco Logístico Século XXI. Nascido em 2006, o Bloco Logístico de Ciempozuelos foi a primeira plataforma totalmente automatizada e dotada na altura da mais moderna tecnologia. Ao longo dos anos tem servido para aprender e continuar a aperfeiçoar os sistemas e melhorar o serviço ao cliente e a eficiência.
São 100 mil metros quadrados construídos, com capacidade para recepcionar 13 mil paletes por dia e expedir 12 mil e actualmente fornece 252 lojas (Madrid, Norte de Castela-La Mancha e sul de Castela e Leão). Bloco Logístico Século XXI está, de facto, em consonância com a forte componente tecnológica que ali encontrámos e que pode ficar a conhecer em detalhe na Supply Chain Magazine.
* – Visita realizada a convite da Mercadona Portugal