Após a queda das exportações sentida no ano passado em 2,65% em países como a Alemanha, França e Holanda, o sector do calçado português tem vindo a procurar apostar mais em novos mercados. Um maior investimento na exportação para a China reflecte-se agora, sendo o nosso país o quarto maior fornecedor de calçado deste mercado, segundo um anúncio do ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira.

A China teve um crescimento de mais de 70% em valor e 60% em volume, surpreendendo Luís Onofre, presidente da Associação Portuguesa das indústrias de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), por ser um mercado que se encontra em crise e não só importou maior quantidade que no ano anterior como também pagou mais por isso. Foram movimentados 545 mil pares de sapatos portugueses direccionados ao mercado chinês, o equivalente a 22,927 milhões de euros, a um preço médio de cerca de 42 euros por par, um aumento de 7,2%.

Luís Onofre já vende para este mercado desde 2012, mas revela que este representa uma pequena fatia dos seus lucros, e que a isso acrescem questões de dificuldades alfandegárias. “A China, por ser considerado um país ainda em fase de desenvolvimento, paga muito menos impostos no acesso ao mercado europeu do que os nossos produtos que, com os impostos, chegam lá quase ao dobro do preço”, explica.

Quando questionado sobre a quebra das exportações em 2018, Siza Vieira apontou a mudança das preferências por parte dos consumidores como principal razão, havendo uma maior procura por materiais alternativos ao couro, justificando a quebra do valor. O ministro conta que a solução deverá passar por “continuar a apostar na diversificação de mercados e na promoção externa”, referindo-se à participação activa que as empresas têm tido em feiras internacionais, como por exemplo na Micam, em Milão, que ocorreu este mês e onde estiveram diversas empresas portuguesas presentes.

Ao todo, foram movimentados 1.904 milhões de euros neste sector, e embora o mercado chinês tenha representado uma pequena fatia deste valor, o seu aumento conjugado com a descida de grande parte dos outros tornam-no numa boa oportunidade de exploração.