As Forças Armadas (1) têm vindo a gerir a mudança, face às sucessivas transformações e à recente redução de efetivos, em concreto através da melhoria de processos. Tal como nas organizações, a Melhoria Contínua de Processos tem-se revelado neste contexto uma “arma estratégica”.

As Forças Armadas utilizam o ciclo Plan – Do – Check – Act, efetuando uma cuidada avaliação da situação, planeando as mudanças e implementando-as para alcançar uma situação futura desejada. Os processos de mudança apresentam ganhos com impacto na respetiva eficiência e eficácia, usando as Forças Armadas uma abordagem incremental e participativa, com melhorias continuadas, elevando os padrões de qualidade e desempenho.

A Melhoria Contínua de Processos tem vido a expandir-se nas organizações com sucesso, constituindo-se como uma “arma estratégica” para o desenvolvimento e crescimento das mesmas.

Na Marinha foram desenvolvidos vários projetos de reorganização nas áreas de Operações, Logística e de Apoio,tendo sido criados processos mais ágeis, com menos recursos humanos e com inserção de tecnologia na sua desmaterialização. Na sua cultura existe uma prática marcada pelos processos de gestão estratégica.

No Exército merece relevo nas operações a implementação da capacidade de Lições Aprendidas com o objetivo de permitir ao Exército tornar-se uma organização aprendente.Na área do Apoio o conceito de geo referenciação tem evoluído a par da evolução tecnológica, bem com a implementação da Gestão de Projetos na execução da Lei de Programação Militar.

Na Força Aérea tem predominado a utilização da metodologia Lean. Na manutenção de aeronaves foram reduzidos os tempos de imobilização das aeronaves, tornando mais fácil a alocação de recursos para a execução das tarefas da manutenção, tendo sido também agilizada a Cadeia de Abastecimento de material aeronáutico e eliminadas as atividades ou procedimentos que não acrescentavam valor. Foi também implementado o conceito de serviços partilhados, que desburocratizou, simplificou e aumentou o uso das plataformas de informação e comunicação passando a prestar um apoio ao militar e aos serviços muito mais célere.

Cada ramo das FFAA tem a sua cultura própria, mas marcadamente com pontos comuns na definição e aprovação de objetivos ao mais alto nível, com um rigoroso planeamento, identificação criteriosa das soluções seguida de rápida implementação para alcançar um novo estádio superior de desempenho.

Pedro Alexandre E. Salvada | Brigadeiro-General Engenheiro Aeronáutico | Força Aérea Portuguesa

(1) – Salvada, P., 2018. Melhoria Contínua de Processos nas Forças Armadas. Revista de Ciências Militares, novembro, VI(2), pp. 317-347. Disponível em https://www.ium.pt/cisdi/index.php/pt/publicacoes/revista-de-ciencias-militares