Atualmente, e atendendo aos diversos desafios e imprevisibilidades da supply chain, assistimos por parte do governo norte americano a uma imposição constante de tarifas aduaneiras.

Podemos afirmar que uma tarifa aduaneira se trata de um imposto aplicado a um bem ou produto importado para um país quando este atravessa a fronteira. Estes encargos são cobrados quando a mercadoria está a entrar no território nacional. Deste modo, se uma empresa decidir não pagar a tarifa correspondente, os seus produtos não poderão simplesmente atravessar a fronteira e, por conseguinte, não poderá ser efetuada a venda do produto ou serviço no país de destino.

Estas taxas causam desentendimento e tensões comerciais a nível global e podem variar entre 10% e 50% sobre diversos produtos. O objetivo baseia-se em proteger a indústria americana, corrigir desequilíbrios comerciais, a proteção dos postos de trabalho, promoção um comércio justo e, acima de tudo, a reconstrução da indústria nacional. Contudo, esta medida gera retaliações e perturba o mercado internacional.

Os impactos são imensos não só desde o aumento do preço que afeta o consumidor final, como também possíveis interrupções nas cadeias de abastecimento e a afetação da produção de empresas que dependem de componentes importados deste mercado.

No que diz respeito a estas medidas tomamos como exemplo o setor automóvel, em que esta ameaça de tarifas elevadas sobre carros importados da UE (União Europeia) gera preocupações entre os fabricantes europeus e causa negociações para evitar uma guerra comercial. Por outro lado, e em resposta, a China e a UE, implementam as suas próprias tarifas sobre produtos dos EUA.

A solução pode também passar pela exploração de novos mercados, pela redução de margens comerciais, pela otimização de processos e ganhos de eficiência. Todavia, este cenário torna-se desanimador, uma vez que o mercado dos EUA representa 20% das exportações da UE.

O governo norte americano justifica esta imposição como sendo o princípio da reciprocidade, uma vez que os EUA aplicarão tarifas semelhantes às que outros países impõem aos produtos americanos e afirmam até, e passo a citar: “Eles cobram-nos, nós cobramos-lhes, nós cobramos-lhes menos – como é que alguém se pode incomodar?”.

Importa salientar, e no que diz respeito às trocas comerciais entre EUA e UE, que estes são os maiores mercados de exportação e o segundo maior parceiro no que diz respeito às importações de bens. Tomo como exemplo os medicamentos e produtos farmacêuticos que estão no topo e em franco crescimento. Seguem-se os automóveis e equipamentos aeronáuticos.

Em suma, as taxas aduaneiras de Trump são um tema complexo e multifacetado, com consequências que vão além do comércio e afetam as relações geopolíticas e a economia global. 

Fábio Magalhães, Técnico de Compras