A área das compras entrou na vida de Bruna Martins em 2019, quando ingressou na empresa Cabelte – Cabos Elétricos e Telefónicos, onde desempenhou funções ligadas às compras indiretas. Mais tarde, em 2021, abraçou um desafio profissional na WEGeuro, na área da gestão de contratos e investimentos ligados à construção de uma nova fábrica em Santo Tirso. No entanto, no ano passado, juntou-se à Central de Compras da Corticeira Amorim, empresa em que desempenha funções na gestão de compras indiretas das unidades do Grupo produtoras de cortiça, pavimentos e cápsulas.

 

O que a levou a escolher esta profissão?

Frequentemente digo que o início do caminho foi mero acaso e a continuidade aconteceu por paixão. De facto, após concluir a licenciatura em Línguas e Relações Internacionais pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), em pesquisas de oportunidades de trabalho em sites de recrutamento, ao colocar nas palavras-chave “relações internacionais”, surgiram ofertas na área de compras. Foi assim que começou o meu percurso na Cabelte, primeira casa à qual agradeço a oportunidade. O gosto pelo procurement e pela negociação levou-me a procurar aprofundar conhecimentos teóricos na área, através do mestrado em História, Relações Internacionais e Cooperação na FLUP e da formação em Gestão de Compras na Porto Business School, e a abraçar projetos desafiantes e dinâmicos nesta área na WEGeuro e, atualmente, na Corticeira Amorim. 

Qual o maior desafio para uma equipa de procurement dentro da organização?

Existem inúmeros desafios nas equipas de procurement dentro e fora das organizações. No entanto, as questões ligadas à informação possuem uma importância crucial, tanto no âmbito interno e externo das organizações, designadamente:

  • Fiabilidade dos dados: a importância de uma boa codificação dos materiais e serviços que permita uma boa análise e gestão da despesa e dos fornecedores;
  • Disponibilidade da informação: com a rotatividade crescente dentro das equipas, fruto do atual contexto do mercado de trabalho e das organizações, e por forma a garantir o compliance, é fundamental existirem processos e workflows claros e eficientes, e sistemas com informação disponível e atualizada permanentemente, explorando-se as potencialidades dos ERP’s e integrando-os com plataformas seguras de e-Sourcing e e-Procurement;
  • Comunicação entre equipas: uma boa comunicação e criação de parcerias fortes com os diversos stakeholders facilita o fluxo e clareza da informação em qualquer processo, incluindo nos de compras;

É fundamental que as organizações e as equipas de compras fomentem a informação e comunicação transparente, criem parcerias sólidas e estejam munidas de ferramentas e tecnologias que garantam uma maior fiabilidade de dados e cibersegurança.

Quais as três competências-chave que mais valoriza, ou considera fundamentais num profissional de compras e procurement?

Existem competências essenciais transversais a várias áreas de uma organização e que devem também abranger os profissionais de compras, nomeadamente a aprendizagem contínua, a adaptabilidade, a capacidade de resolução de problemas complexos, o pensamento crítico e a inteligência emocional.

Como competências específicas na área de compras, para além de competências base como o gosto pela comunicação e pela negociação e o foco na construção de parcerias sólidas, valorizando a transparência no contacto com os parceiros da organização, os profissionais de compras deverão focar-se em 2025 em:

 

  1. Temas relativos a ESG, particularmente nas questões de sustentabilidade e responsabilidade social e ambiental, referidas no Fórum Económico Mundial (FEM);
  2. Domínio da análise de dados, incluindo o conhecimento de ferramentas de Inteligência Artificial, conforme denota o CPO Survey Norway 2024 da KPMG;
  3. Gestão de riscos: o Global Risks Report 2025 (World Economic Forum) revela a importância desta competência. É fundamental a definição de uma matriz de risco clara e análise permanente dos riscos relacionados com o compliance, as interrupções na supply chain, problemas no fornecimento, ligados a questões de qualidade ou de rutura, e dos desafios e oportunidades na cadeia de abastecimento, conhecimento do produto, dos fornecedores, das parcerias e das novas soluções do mercado.