A McKinsey afirma que, tradicionalmente, a indústria do vestuário tem tido uma colaboração limitada com os seus fornecedores e poucas relações estratégicas de longo prazo, mas que esta situação está agora a mudar. Segundo um inquérito levado a cabo pela mesma, as pressões do mercado estão a obrigar os fabricantes de vestuário a abandonar as relações superficiais e fragmentadas com os fornecedores, em favor de uma abordagem estratégica.

A indústria do vestuário, afirma a McKinsey, tem-se caracterizado tradicionalmente por uma “colaboração limitada com os fornecedores e por poucas relações estratégicas a longo prazo, em comparação com outras indústrias”. Esta situação, segundo o relatório, deve-se ao facto de os fabricantes de vestuário e também os de calçado não só terem tradicionalmente uma base de fornecedores fragmentada, mas também ao facto de as marcas “procurarem baixos custos de produção em diferentes regiões”.

O relatório explica em pormenor como o aprovisionamento no mercado global de vestuário e calçado se tornou mais difícil nos últimos anos, com as marcas a terem de lidar com “fatores dificultadores”.

O primeiro destes fatores, afirma a consultora, é o aumento da pressão das flutuações da procura e das perturbações da oferta, que levaram as marcas a reduzir ou cancelar encomendas.

Acrescenta que forças externas, como a regulamentação e os novos operadores no mercado, estão também a redefinir os padrões da indústria em termos de velocidade, sustentabilidade e digitalização.

Segundo a mesma fonte, estas pressões obrigaram a indústria a adotar uma abordagem mais estratégica das relações com os fornecedores.

O inquérito aos diretores de compras e procurement (CPO) revela que as empresas de vestuário esperam continuar a aumentar a sua quota de relações mais profundas para 51%.

“Esta mudança contínua é reconhecida como uma estratégia obrigatória para acompanhar o aumento dos regulamentos de sustentabilidade e dos requisitos de velocidade, bem como para atingir o nível esperado de digitalização”, explica a McKinsey.

A empresa adverte também que “encontrar o equilíbrio certo nas relações com os fornecedores será crucial”, acrescentando: “Tanto as marcas como os fornecedores ainda valorizam a flexibilidade para lidar com as mudanças na procura e usar o seu poder de negociação para garantir margens mais elevadas”. O inquérito também concluiu que, embora os fabricantes de vestuário tenham dado prioridade ao nearshoring durante algum tempo, a deslocalização efetiva está a acontecer lentamente.

Por outro lado, apesar da inflação, a maioria dos inquiridos espera uma ligeira redução dos custos de aprovisionamento e segundo os resultados apurados, as marcas de moda estão a acelerar a adoção da inovação digital para aumentar a transparência nas suas cadeias de valor.