Donald Trump anunciou tarifas de 30% sobre todos os produtos importados da União Europeia e do México a partir de 1 de agosto, dois dos seus maiores parceiros comerciais. O presidente norte-americano já afirmou que as medidas serão negociáveis, “se a União Europeia ou as suas empresas decidirem fabricar produtos nos Estados Unidos”, aplicando-se a mesma situação ao México.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, recebeu diretamente a informação e foi apanhada de surpresa. A UE mantinha negociações com os EUA há vários meses, mas Trump justifica que esta medida surge no sentido de combater os equilíbrios comerciais, recuando apenas no caso de empresas europeias começarem a produzir nos Estados Unidos da América.

“Tivemos anos para discutir a nossa relação comercial com a União Europeia e concluímos que precisamos de nos afastar desses défices comerciais de longo prazo, grandes e persistentes, gerados pelas políticas tarifárias e não tarifárias e barreiras comerciais”, afirmou Donald Trump.

Caso o governo norte-americano avance com a medida, a partir de dia 1 de agosto os produtos portugueses passarão a ser mais caros nos EUA, reduzindo a procura, o que terá impacto nas exportações nacionais que representam, atualmente, 5,3 mil milhões de euros, em diversos setores do país, afetando consequentemente a economia portuguesa.

A manterem-se as tarifas, setores como os do azeite ou do vinho já avisaram que o aumento será insustentável, enquanto outros como o têxtil e calçado já procuram alternativas de mercado. Também outros setores como móveis, armamento, farmacêutica, combustíveis e maquinaria estão expostos às tarifas norte-americanas.

Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, considerou que o impacto será “muito elevado”, defendendo uma solução negociada, em linha com a posição da Comissão Europeia.

António Costa, presidente do Conselho Europeu, também já se manifestou através da sua rede social X, afirmando que “negociações livres e justas criam prosperidade, emprego e reforçam as cadeias de abastecimento. As tarifas são taxas. Alimentam a inflação, criam incerteza e impedem o crescimento económico. Continuaremos a construir parcerias comerciais sólidas por todo o mundo. A UE mantém-se firme, unida e pronta para proteger os nossos interesses, com o apoio total da presidente Ursula von der Leyen e dos esforços da Comissão para chegar a um acordo justo com os EUA”.

Ursula von der Leyen reforça que vai tentar alcançar uma nova negociação antes da entrada em vigor das tarifas, porém, alerta para o risco de disrupção nas cadeias de abastecimento, e avançou com a possibilidade de a UE responder com contramedidas equivalentes para os produtos norte-americanos, caso não cheguem a um entendimento, de modo a salvaguardar os interesses europeus.

Em 2024 as exportações da UE para os EUA superaram os 530 mil milhões de euros, sendo a Alemanha o principal afetado por esta medida. As exportações são lideradas pelos setores automóvel e farmacêutico, que espera-se que sejam também os mais afetados. Líderes políticos e fabricantes pedem uma solução rápida de modo a evitar o impacto económico.