O Grupo ETE, em parceria com o Grupo Pousadinha, apresentou o projeto do terminal fluvial de Castanheira do Ribatejo, uma infraestrutura que irá reforçar o apoio à atividade marítima-portuária e logística do porto de Lisboa. O investimento totaliza 11 milhões de euros.
O novo terminal apresenta-se como o “First Gate” do porto de Lisboa, contando com ligação direta rodoviária à Plataforma Logística Norte, e às zonas do Carregado e da Azambuja, permitindo aumentar a capacidade de importação e exportação do porto de Lisboa. Durante a apresentação do terminal, António Caneco, do Grupo ETE, explicou que o conceito de “First Gate” consiste na descarga direta no sistema portuário ainda antes de chegar à zona de influência do porto de Lisboa, reduzindo o congestionamento de tráfego, aumentando a eficiência da cadeia logística e antecipando operações.
Contará com uma área de dois hectares, incluindo um cais de atração com rampas de acesso, uma grua elétrica — com capacidade de 84 toneladas e 20 movimentos por hora — e reach stakers elétricos que farão a movimentação dos contentores. Terá um parque com capacidade para 300 contentores, e ainda a possibilidade de prestação de serviços de reparação e manutenção naval no local.
Numa fase inicial, prevê-se uma movimentação fluvial superior a 2.500 toneladas de carga por dia, com um volume entre 20.000 e 70.000 TEU por ano. Estima-se que, com a expansão do terminal, a movimentação possa chegar aos 200.000 TEU por ano.
Esta aposta é significativamente mais eficiente, uma vez que uma barcaça tem a capacidade para transportar o equivalente a 100 camiões, e será possível movimentar até quatro barcaças em simultâneo, alcançando uma redução de cerca de 80% das emissões de CO₂. Apresentando-se como uma alternativa à rodovia, o projeto permitirá retirar da estrada entre 100 a 400 camiões por dia, na cidade de Lisboa. Por ano, serão reduzidas cerca de 1.000 toneladas de emissões de CO₂.
A obra foi adjudicada no dia 6 de junho, à empresa Mota-Engil, e terá um prazo de construção de 12 meses. Permitirá a criação de cerca de 50 postos de trabalho diretos e 200 indiretos.
“Trata-se de um investimento estratégico pensado para modernizar a logística da região de Lisboa e Vale do Tejo, reforçar a competitividade do Porto de Lisboa, e responder às necessidades ambientais, sociais e económicas da região” – António Caneco, do Grupo ETE
Fernando Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, também marcou presença na apresentação do terminal fluvial de Castanheira do Ribatejo, afirmando que este é um “ponto de chegada” após vários anos de “trabalho, diálogo e negociações” entre o Governo e o município. O projeto levou cerca de 13 anos a avançar.
“Este dia representa, sobretudo, um ponto de partida para uma nova forma de concretizar o sistema logístico metropolitano, com maior multimodalidade, com a retirada de camiões dos núcleos urbanos, e com a redução de emissões de carbono nas operações logísticas nacionais” – Fernando Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.
Ficou claro que este é um projeto intermodal, ainda que só tenha sido apresentada a vertente fluvial. João Folque, do Grupo Pousadinha, reforçou esta questão dirigindo-se ao secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Espírito Santo, que também esteve presente na apresentação do terminal fluvial, dizendo que para a plataforma ser intermodal é necessária a componente ferroviária, e que tem de ser resolvida “com urgência” porque “já é tempo de nos deixarmos de muitas burocracias”.
Em resposta, Hugo Espírito Santo concordou que “o projeto está, de facto, localizado na interseção perfeita entre o rio, a ferrovia e a rodovia”, mas que a estratégia do Governo para os portos nacionais ainda será apresentada. Contudo, garante que a intermodalidade é um dos pilares fundamentais. “Precisamos de reforçar as ligações ferroviárias aos portos, de garantir que são também desenvolvidas para garantir o aumento gradual do interland de cada um dos portos que existe no nosso país”, acrescenta.
“Precisamos de criar competitividade na nossa logística, e de reduzir a pegada ecológica. Esta obra assim o faz” – Hugo Espírito Santo, secretário de Estado das Infraestruturas.
João Folque acrescentou que este terminal fluvial “pode ser mais importante e mais utilizado” ao criar uma carreira de navios que partam de Sines para Castanheira do Ribatejo, e não desde Porto de Lisboa. Para isso, apelou à Administração do porto de Lisboa para que prossiga com a dragagem junto à zona da Alhandra/Cala do Tejo, pois “é o único impedimento para trazer navios de maior calado de Sines até aqui”. Hugo Espírito Santo corroborou a ideia de fazer a ligação ao porto de Sines. “Este terminal está umbilicalmente ligado ao Porto de Lisboa, mas eu gosto do desafio de também ligar a outros portos nacionais. De pensarmos, mais uma vez, como é que podemos criar novas alternativas logísticas para aumentar a competitividade.”
Fernando Ferreira e Hugo Espírito Santo na colocação da primeira pedra.