5.000 toneladas de vegetais processadas por ano, 150 produtos e partidas diárias de 13 a 18 camiões. Estes são alguns dos KPI da operação da Vitacress, especializada na produção agrícola de produtos frescos, lavados e prontos a consumir. Estabelecida em Odemira, a marca detém três quintas e está a desenvolver um plano de expansão. Carlos Vicente, diretor da Vitacress, explicou à Supply Chain Magazine como funciona a operação da empresa, assim como o que está a ser delineado para o futuro.
A Vitacress, marca originária inglesa mas que faz parte do grupo português RAR, é especializada na produção agrícola de produtos como agrião de água, saladas e também ervas aromáticas. A essência da marca está na produção de folhas baby que, sendo colhidas inteiras, têm menos pontos de oxidação e mantêm as suas propriedades durante mais tempo.
Detêm 280 hectares de produção em Portugal, sendo que 90% é ao ar livre. Em Odemira situam-se as Quintas da Boavista (onde se produzem maioritariamente biológicos e ervas aromáticas), e da Azenha (produção de folhas baby). Em Almancil está localizada a quinta de produção de agrião de água. Já os armazéns da Vitacress localizam-se no Alentejo, na Boavista dos Pinheiros, com cerca 1.000 metros quadrados cada. Tendo em conta que a empresa lida com produtos alimentares perecíveis, é necessário um controlo rigoroso de todo processo logístico.
Carlos Vicente explica o processo da cadeia de frio dos produtos até chegarem às cadeias de retalho onde estão presentes, ou até ao consumidor final. “Inicialmente colhidos a temperatura ambiente, os vegetais são transferidos em camiões próprios para a fábrica onde passam por um processo de arrefecimento rápido até aos ideais 4 graus em apenas meia hora”. A temperatura é mantida durante a lavagem, embalamento e expedição.
Em seguida, “o transporte do produto é assegurado por um parceiro que o entrega nas centrais de logística dos grandes retalhistas ou diretamente aos clientes de food-service”. Para garantir o controlo do processo da cadeia de frio “investimos em tecnologia, desde registos de frio nos camiões, até ao uso de software especializado nos nossos armazéns”. Cada lote de produto também é rastreado através de tecnologia. “Essa visibilidade da cadeia de abastecimento não só otimiza os processos internos, como também fortalece a confiança dos clientes na qualidade dos nossos produtos”, refere o responsável.
A nível internacional, a Vitacress está presente nos mercados de Inglaterra e Espanha, sendo que a exportação representa 15% da sua operação. “Esta presença internacional reflete o nosso compromisso para atender às necessidades dos consumidores em diversas regiões, oferecendo produtos frescos e de alta qualidade”, indica o responsável. Os produtos são enviados para estes mercados através de transporte rodoviário, “uma vez que os curtos prazos de validade (7 dias) exigem entregas rápidas, frequentes e ponto a ponto, por forma a evitar desperdício alimentar”.
No entanto, sobre a possibilidade de entrada noutras localizações, o diretor-geral assume que, neste momento, a prioridade é “servir o mercado nacional e os nossos clientes atuais” e aponta os motivos: “a perecibilidade e o preço dos vegetais lavados e prontos a comer limita naturalmente, por um lado, o número de dias que podem passar em transporte, e por outro, a capacidade de sustentar o custo de transporte face a fornecedores locais”.
“Essa visibilidade da cadeia de abastecimento não só otimiza os processos internos, como também fortalece a confiança dos clientes na qualidade dos nossos produtos.”
– Carlos Vicente, diretor da Vitacress
O diretor-geral aponta este como sendo um dos maiores desafios da gestão daquela cadeia de abastecimento, ou seja, a garantia da frescura e qualidade dos produtos durante todo o curso, bem como a otimização da eficiência logística. Ainda assim, reconhece que outro dos desafios se prende com a gestão de risco face aos fatores climáticos. “As alterações climáticas trazem consigo a seca e o aumento da frequência e impacto de eventos meteorológicos adversos e extremos, ambos com grande impacto na operação da Vitacress”, assume Carlos Vicente.
A Vitacress vai avançar com um plano de expansão na zona de Odemira para dar resposta à procura nacional. Este projeto consiste em aumentar a área produtiva através de investimentos em equipamentos e espaço. A área da logística também está integrada no plano, garantindo que a expansão seja “eficiente e alinhada com os padrões ambientais e operacionais da Vitacress”, termina Carlos Vicente.
Pode ler o artigo completo na edição #47 da SCMedia News.