O presidente da Associação Nacional de Produtores de Mirtilo (ANPM), Carlos Adão, revelou à agência Lusa a ambição dos produtores de mirtilo em alargar significativamente as exportações para fora da Europa, visando os mercados dos continentes americano e asiático. O objetivo é não apenas expandir geograficamente, mas também manter os altos padrões de qualidade que têm sido reconhecidos pelos compradores estrangeiros, de acordo com o Dinheiro Vivo.
“Um dos desafios que nos foi lançado foi o de procurarmos novas geografias e termos a capacidade, e a capacidade logística também, de conseguirmos exportar para geografias mais distantes, para fora da Europa como os continentes americano e da Ásia”, afirmou Carlos Adão à agência Lusa no final do 12.º encontro nacional de produtores de mirtilo, em Penalva do Castelo, distrito de Viseu.
“A maior parte dos produtores com alguma dimensão dizem que têm na ordem dos 70% a 80% de exportação, mas o que é certo, é que os últimos dados estatísticos apontam para cerca de 37% a 40% de exportação de mirtilo em Portugal”, explicou. Atualmente, a maioria dos mirtilos portugueses são exportados para os Países Baixos, que atuam como ponto de distribuição para toda a Europa, seguido por Espanha e França, principais compradores da fruta no país. Segundo os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2022, “os mirtilos representam 38 milhões de euros de exportação em Portugal”.
“Há muitos produtores que estão concentrados no mercado nacional e ainda bem, porque conseguem escoar a fruta, mas tendo em conta a quantidade de hectares que têm sido instalados, certamente que o aumento da exportação vai acontecer de forma muito significativa nos próximos anos”, avançou Carlos Adão.
Durante o evento, especialistas estrangeiros reforçaram a reputação do mirtilo português como um produto de alta qualidade e expressaram a valorização desse produto nos mercados internacionais, referindo que “só assim faz sentido, porque em termos de dimensão e quantidade não é possível concorrer com alguns países que têm milhares de hectares instalados”.
A importância da cooperação e organização entre os produtores em Portugal foi outro dos pontos enfatizados. Apesar das melhorias anuais, há espaço para uma colaboração mais estreita, visando a expansão da produção e a obtenção de vantagens competitivas, tanto na venda quanto na aquisição de insumos e logística.
Este encontro sublinhou o compromisso dos produtores de mirtilo em aprimorar continuamente as suas práticas de produção, com foco na sustentabilidade, certificação e reconhecimento nos mercados internacionais.