O relatório CIPS & Deloitte “Procurement and supply chain resilience in the face of global disruption”  evidencia uma inação pública e privada maciça no combate às emissões da cadeia de valor. A descoberta surge quando os líderes mundiais estão atualmente reunidos no Egito, na cimeira COP27.

A maioria das organizações dos sectores público e privado não está a medir o impacto ambiental das suas cadeias de abastecimento, o dado provém da análise dos resultados do estudo levado a cabo pelo Chartered Institute of Procurement & Supply (CIPS) e pela Deloitte.

As duas entidades levaram a cabo um inquérito junto de 468 profissionais globais de procurement e supply chain e da análise dos resultados concluem que apenas um quarto (26%) das organizações dos setores público e privado têm medidas em vigor para monitorizar as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) na sua cadeia de abastecimento, o que faz parte do Scope 3 de emissões.

Os dados mostram que embora 75% dos inquiridos afirmem que a gestão das emissões de carbono é importante para a sua organização, pouco está a ser feito para abordar a sério o problema.

Estima-se que a cadeia de abastecimento de uma empresa seja responsável por 80-90% do total das suas emissões de carbono, e o progresso neste domínio é vital para que os países possam atingir as suas metas líquidas de zero emissões até 2050, um objetivo que muitos países têm consagrado por lei. Por exemplo, no Reino Unido, existe o The Climate Change Act, e para os países da União Europeia vigora o European Climate Law.

As conclusões são sintomáticas de uma tendência mais ampla entre as organizações que não têm visibilidade na cadeia de abastecimento.

O relatório concluiu que apenas 13% podem mapear toda a sua rede de cadeia de abastecimento, e que até 22% não têm visibilidade para além dos seus fornecedores imediatos.

Malcolm Harrison, CEO da CIPS, diz: “No nosso mundo globalizado, a grande maioria das emissões de uma organização ocorre muito longe, ao longo da sua cadeia de abastecimento. Para que qualquer organização ou empresa avance no sentido das zero emissões, deve primeiro estar ciente de onde e que tipo de emissões estão a ser produzidas na sua cadeia de abastecimento. As funções de procurement desempenham um papel crucial no rastreio destas emissões, mas o nosso relatório mostra que demasiadas vezes as organizações não sabem como recolher, calcular e monitorizar com precisão os dados de emissões de âmbito 3”.

Harrison acrescenta que as organizações precisam de apoio na gestão da sua produção de carbono, se quiserem fazer progressos sérios neste domínio.

Já Kathryn Thompson, Partner e Head of Procurement Consulting na Deloitte UK, disse que as conclusões mostram que existe uma necessidade urgente de as organizações rastrearem com precisão as emissões produzidas pelas suas cadeias de fornecimento. “Este será um factor-chave para reduzir as emissões de carbono e atingir as zero emissões”, não escondendo que será necessária a colaboração entre as organizações para resolver este grande desafio”.

“As organizações reconhecem a necessidade de melhor visibilidade e, em alguns casos, de reestruturação das suas cadeias de abastecimento, e é importante que as indústrias e as empresas trabalhem em conjunto e aprendam umas com as outras para impulsionar o progresso”, frisou ainda.