Um consórcio internacional, liderado pela portuguesa Madoqua Renewables, pretende investir mil milhões de euros num projeto de produção de hidrogénio e amónia verdes na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), contribuindo com 10 a 15% dos objetivos totais de investimento em hidrogénio no país.

O MadoquaPower2X, nome que resulta da fusão dos nomes das parceiras Madoqua Renewables e Power2X, empresa neerlandesa, tem ainda a parceria da gestora de fundos dinamarquesa Copenhagen Infrastructure Partners (CIP). “O projeto MadoquaPower2X tem um impacto total de cerca de mil milhões de euros para instalar 500 MW de capacidade de produção de hidrogénio e 500 mil toneladas de amónia verde por ano”, comentou Duarte Cordeiro, Ministro do Ambiente e Ação Climática, durante um discurso na cerimónia de lançamento do projeto.

Durante este mesmo momento, António Costa comentou que Portugal e Espanha em conjunto têm uma capacidade, já instalada, para suprir 30% das necessidades energéticas da Europa em gás natural.

O projeto encontra-se em fase de desenvolvimento, e espera-se que esteja “totalmente licenciado e pronto para a decisão final de investimento até ao final de 2023”, prevendo-se a construção para o ano seguinte e a “primeira produção em meados desta década”, avança ainda o comunicado. No entanto, o funcionamento em pleno só se encontra previsto para 2030.

O hidrogénio produzido pelo MadoquaPower2X poderá ser utilizado pela indústria local, transportado pelo gasoduto de hidrogénio de Sines – que está a ser desenvolvido pela REN –, integrado na rede de gás natural já existente ou até mesmo processado para a criação de amónia verde para exportação a partir do terminal do Porto de Sines.

“A eletricidade para o MadoquaPower2X será obtida a partir de projetos de geração renovável em Portugal, em particular através de comunidades de energia renovável com parques eólicos e solares que serão desenvolvidas em paralelo”, avança ainda a empresa.

Rogaciano Rebelo, presidente executivo da Madoqua, comentou que “Portugal está estruturalmente bem posicionado para desempenhar um papel de liderança no espaço emergente de transição energética na Europa”.

Por parte da Power2X, o sócio fundador Occo Roelofsen considerou que este projeto vai permitir “acelerar a transição energética na Europa e contribuir significativamente para o objetivo ‘net-zero’ de 2050”, ganhando ainda mais relevo depois da crise energética causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia. “O MadoquaPower2X irá abrir o caminho para a descarbonização de processos industriais críticos e reduzir a dependência em importações de gás natural”, destaca.

Filipe Costa, diretor executivo da aicep Global Parques, entidade responsável pela gestão da ZILS, considera que este investimento “irá acelerar a transformação industrial portuguesa e aumentar as exportações”.

O consórcio adianta ainda a intenção de expandir a capacidade do projeto para “ser capaz de produzir um total de mil milhões de toneladas de amónia verde por ano”, reduzindo assim as emissões de CO2 “em 1,2 mil milhões de toneladas por ano”.