As disrupções nas cadeias de abastecimento a que vimos assistindo desde 2021, fruto da pandemia, têm sido um pesadelo logístico para muitas empresas. Uma delas foi a devolo, tecnológica alemã, especializada no desenvolvimento de dispositivos de comunicação de rede para consumidores privados e também aplicações industriais, que está agora em fase de reestruturação e a rever os seus processos.

Marcel Schüll, diretor de marketing da devolo AG, explicou ao SAPO TEK que a empresa tem uma reestruturação em curso, depois de ter pedido proteção contra credores. No final de 2021, início de 2022 a empresa alemã viu-se no meio de dois pesadelos logísticos: armazéns cheios de produtos que não conseguia colocar nas lojas e um stock de equipamentos já pago sem receitas de vendas, situação agravada pela crise mundial de falta de semicondutores. Em conjunto, todos estes fatores colocaram a devolo numa situação de crise de liquidez, que acabou por levar a um pedido de proteção especial contra credores, entretanto já desencadeado.

Em 2020, a empresa teve um ano com vendas acima das expectativas, fruto das necessidades das pessoas, em confinamento, melhorarem a qualidade das suas redes domésticas e tudo indicava que em 2021 a tendência se mantivesse. Contudo, não foi assim. Os confinamentos, o encerramento das lojas e as alterações de comportamento por parte dos  consumidores, especialmente na Alemanha, levaram a uma quebra da procura.

Salientando que a situação não teve impacto no mercado português, o responsável de marketing explica à mesma fonte que “esperávamos boas vendas em 2021 e com a crise dos chips tivemos de antecipar as encomendas de produtos, o que fez com que acumulássemos um grande volume de stock”. Mas além do consumidor final, a Devolo também tem como clientes outras empresas, com requisitos especiais e necessidades específicas de semicondutores, a que não conseguiu dar resposta pela falta dos mesmos no mercado, o que agudizou a liquidez da empresa.

O processo de reorganização em curso deverá permitir à devolo avançar com segurança com o seu plano de negócios, em conjunto com os vários parceiros, e manter as operações, assim como o fato da empresa ter stock nas lojas e nos seus distribuidores, procurando desta forma reduzir o impacto da crise dos chips e estar à frente da sua concorrência.