As empresas que operam no setor dos transportes rodoviários de mercadorias, em especial as que se dedicam à distribuição capilar, urgem em encontrar um método que lhes possibilite dimensionar a frota de veículos da forma mais adequada ao perfil de carga transportada. Esta tarefa tem-se revelado de difícil execução e as decisões que as empresas tomam quando é necessário adquirir novos veículos, são feitas muitas vezes com base no empirismo e com pouca, ou mesmo nenhuma, base científica.
O motivo para que tal aconteça prende-se com a inexistência de um método que possibilite às empresas saber quantos veículos deverão adquirir, quais as tipologias mais vantajosas para o seu negócio ou em que períodos se justifica subcontratar serviços de transporte a entidades externas. Uma metodologia que consegue dar resposta a estas questões da forma mais rigorosa possível é, com toda a certeza, uma ferramenta útil e poderosa que levará a melhores resultados financeiros e a incrementos na eficiência operacional, por parte dos operadores que atuam neste setor.
Desta forma, a equipa da CROSS Logistics desenvolveu um método analítico para o dimensionamento de frota de veículos, apoiado em fundamentos da Investigação Operacional, ramo da matemática aplicada que faz uso de modelos de otimização na tomada de decisões.
Uma das razões para a dificuldade na determinação da dimensão ótima da frota e da conjugação desta com a subcontratação, resulta da grande quantidade de variáveis envolvidas:
Um veículo com pequena capacidade de carga está vocacionado para clientes com uma média de kg de entrega reduzida, enquanto um veículo com grande capacidade de carga tem uma eficiência superior, caso a média de kg de entrega por cliente seja elevada. Na eventualidade do operador de transporte ter clientes com ambos os perfis torna-se uma incógnita sobre qual o veículo mais rentável.
Um veículo de reduzida capacidade tem consumos de combustível inferiores ao de um veículo com elevada capacidade de carga, mas poderá necessitar de efetuar mais do que uma volta para atingir o mesmo número de entregas.
Viaturas circulando com um motorista e um ajudante têm custos fixos superiores a viaturas que efetuam entregas com apenas um colaborador mas, por outro lado, os tempos de entrega são inferiores percorrendo as rotas com dois recursos humanos.
Outra variável importante é a sazonalidade, isto é, a variação da procura que existe ao longo do ano/ semestre/ trimestre/ mês/ semana. Não é claro se compensa investir em veículos novos para fazer face a picos de procura, quando se corre o risco de nos restantes períodos estes ficarem imobilizados. Será mais vantajoso subcontratar nestes períodos ou a sazonalidade existente não é significativa?
O modelo desenvolvido procura dar resposta a estas e outras questões.
A metodologia adotada é descrita com o auxílio de um exemplo, de forma a que as conclusões se tornem o mais claras possíveis.
Admita-se uma empresa do setor da distribuição que necessita de efetuar entregas ao longo de uma semana, variando o peso da mercadoria e a dispersão geográfica dos pontos de entrega, sendo a quantidade de mercadoria a expedir a seguinte: 2ª feira: 15.000 kg, 3ª feira: 8.000 kg, 4ª feira: 6.500 kg, 5ª feira: 18.000 kg e 6ª feira: 17.000 kg.
Suponha-se agora que à disposição da empresa responsável por efetuar todos os serviços de entrega, existem 6 veículos com capacidade de carga de 1.000 kg e 5 veículos com capacidade de carga de 1.500 kg. A capacidade instalada na frota própria é, portanto, de 13.500 kg e esta não é suficiente para fazer face à procura existente em todo o ,horizonte temporal. A procura existente na 2ª, 5ª e 6ª feira ultrapassa a capacidade total dos veículos disponíveis.
Conclui-se que em dias com procura superior à capacidade da frota própria, e partindo do princípio que toda a procura tem de ser satisfeita, é necessário recorrer à subcontratação ou adquirir veículos novos. Mas qual será a melhor solução?
Vejamos, então, as vantagens e desvantagens de cada uma das opções:
Caso a opção recaia apenas na aquisição de veículos novos para colmatar a falta de capacidade corre-se o risco dos custos de ter frota imobilizada nos restantes dias superem os potenciais ganhos financeiros.
Caso a opção para satisfazer a procura nos dias de pico passe apenas pela subcontratação poderá colocar-se em causa os resultados financeiros, já que a aquisição de mais viaturas poderá ser mais rentável.
A solução ótima é um ponto intermédio acima do qual é financeiramente mais vantajoso subcontratar e abaixo do qual é compensatório o investimento na aquisição de novos veículos. O modelo elaborado propõe-se a definir exatamente este ponto, que resulta numa solução otimizada de forma a minimizar os custos.
As potencialidades deste modelo permitem o cálculo da frota ótima considerando horizontes temporais de semanas, meses ou anos, aplicando inclusivamente, e caso seja necessário, modelos de previsão da quantidade de mercadoria expedida
Com um modelo baseado num corpo de princípios fundamentados e premissas coerentes, será possível chegar a soluções completas, robustas e fiáveis.
Antes de decidir comprar ou subcontratar que tipo de frota, estude os vários cenários e procure minimizar os custos da sua distribuição.

Hugo Dinis, CROSSLOGISTICS Consulting, Lda. – Logistics consultant